Ministra diz que se avançou nas negociações com os sindicatos de enfermeiros
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, considerou esta sexta-feira “muito positiva” a reunião com os sindicatos dos enfermeiros realizada na quinta-feira, que teve avanços, acrescentando que “há sempre margem para negociar” com os profissionais de saúde.
“A reunião de ontem [quinta-feira] foi muito positiva, creio que posso dizer que avançamos, ainda não conseguimos, é verdade, fechar um acordo, mas as negociações com os enfermeiros, tal como com os médicos, têm corrido com muita elevação e de forma muito positiva, tendo como objetivo comum, prestar melhores cuidados de saúde e valorizar os nossos profissionais”, declarou a ministra durante uma visita à Unidade Local de Saúde do Alto Ave, em Guimarães, distrito de Braga.
A plataforma que reúne cinco sindicatos de enfermeiros recusou a contraposta de valorização salarial apresentada na quinta-feira pelo Governo, mantendo a reivindicação de aumento de duas posições remuneratórias para todos os profissionais de enfermagem. (ver: Sindicatos de enfermeiros recusam contraproposta do Governo e mantêm reivindicação salarial)
“O que nós propusemos eram duas posições remuneratórias da tabela da carreira de enfermagem divididas em três anos. O que nos está a ser proposto agora é uma posição remuneratória e meia em três anos. Não aceitamos isso”, disse à agência Lusa o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), Pedro Costa, após a reunião.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) tem agendada uma greve nacional para 24 e 25 de setembro e uma concentração para 25.
Sobre as negociações com os médicos, que também têm marcada uma greve para 24 e 25 de setembro, e no primeiro dia de paralisação uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde, a ministra respondeu que “há sempre margem para negociar com os sindicatos”.
Ana Paula Martins foi ainda questionada sobre a notícia do Expresso, dando conta de que o “novo plano de contingência para a obstetrícia já chegou aos hospitais e prevê que nos casos em que falta um obstetra para realizar cesarianas (são sempre necessários dois) possa ser ativado um cirurgião geral”.
A notícia refere que o Colégio de Cirurgia Geral não foi consultado e discorda, dizendo que “é inaceitável e um grande retrocesso”.
“A posição oficial da Ordem dos Médicos relativamente a esta matéria é que o colégio de obstetrícia já afirmou e o próprio bastonário que, as equipas de obstetrícia e ginecologia continuarão a ser constituídas, como foram até agora, pelos médicos e pelos enfermeiros que sempre constituíram estas equipas”, explicou a governante
Questionada sobre que indicações é que foram dadas aos hospitais no caso de faltarem obstetras, a ministra disse que nenhuma.
“Nenhuma indicação foi dada por parte do Ministério da Saúde relativamente a esta matéria. Porquê? Porque não há nenhuma recomendação que tenha chegado ao Ministério da Saúde nos últimos dias com esta tipologia”, afirmou Ana Paula Martins.
Entretanto, a Ordem dos Médicos também esclareceu que “não está prevista a alteração da constituição das equipas médicas de obstetrícia nos hospitais, que continuarão a ser constituídas exclusivamente por médicos da área de ginecologia e obstetrícia”.
A ministra da Saúde foi também confrontada com um artigo de opinião do ex-diretor do SNS, publicado no Expresso, que acusa o Governo de apostar no “mercado da doença”.
Fernando Araújo considera que “nenhum Serviço Nacional de Saúde (SNS) é sustentável se não apostar na redução da carga da doença” e que “impressiona perceber que num programa de transformação do SNS não exista nenhuma estratégia focada na prevenção”.
“O professor Fernando Araújo é uma das pessoas que me merece o maior respeito e consideração e por isso vou ler, mas não posso comentar porque nem li o artigo”, respondeu a ministra da Saúde.
A governante esteve na Unidade Local de Saúde do Alto Ave (ULSAA), em Guimarães, para inaugurar o Centro de Ensaios Clínicos Precoces da Unidade de Investigação Clínica do Centro Académico, a área de Ambultório de Saúde Mental e as obras de requalificação do Centro de Saúde da Amorosa.
Fonte : CMJornal