Catarina Martins aponta o dedo à inércia do ministro da Saúde
A líder do Bloco de Esquerda critica o facto de Adalberto Campos Fernandes não fechar acordos com enfermeiros, médicos e técnicos de diagnóstico e terapêutica.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, lamentou esta noite que o ministro da Saúde ainda não tenha conseguido fechar nenhum dos dossiês negociais com as várias profissões da saúde, nesta legislatura.
“É difícil de compreender que o ministro da Saúde não consiga chegar a entendimento nem com os médicos, nem com os enfermeiros, nem com os técnicos de diagnóstico e terapêutica, nem com os farmacêuticos dos hospitais, nem com os auxiliares”, frisou a líder do Bloco.
Catarina Martins falava em Santa Maria da Feira, durante a primeira de um conjunto de sessões e iniciativas que os bloquistas vão realizar em todo o país até abril, com o objetivo de criar um movimento em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS)
A coordenadora do BE referiu que “as mais variadas áreas das profissões da saúde” estão em negociação desde o início da legislatura com o Ministério da Saúde e “aparentemente não é possível o acordo”, adiantando que “não está em causa nenhuma reivindicação completamente fora de cabimento”.
“O que está em causa é a organização básica e o respeito básico pela atividade destes profissionais que é também a organização mais básica do SNS”, vincou.
Catarina Martins referiu que o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, “responde muito bem à direita”, no debate parlamentar, mas o que interessa aos bloquistas é a resposta que dá aos utentes e aos profissionais do SNS e aí, garante, “a resposta não é aquela de que o país precisa”.
“É um facto que os profissionais de saúde estão a trabalhar horas a mais, estão a acumular tarefas de uma forma impossível e não têm os meios necessários para a sua função todos os dias, como é verdade que os utentes sentem que não têm tantas vezes a resposta atempada que precisam”, observou.
Referiu-se ainda ao problema do conflito de interesses com o privado que, segundo a mesma, “tem fragilizado o SNS”, realçando que “bem mais de um terço do dinheiro do orçamento da saúde é para pagar aos privados”.
A líder do Bloco defende que é necessária uma nova lei de bases da Saúde que separe o público do privado e garanta o acesso universal e integralmente gratuito e mais investimento público no setor.
“Seria um enorme erro se no tempo desta legislatura não fosse possível uma maioria parlamentar para uma nova lei de bases de saúde que proteja o SNS. Temos um ano para fazer uma nova lei de bases da saúde e é nesse trabalho que estamos empenhados”, afirmou.
Na mesma sessão, o deputado do Bloco Moisés Ferreira disse que o atual Governo do PS e o ministro da saúde “são insuficientes para fazer a defesa do SNS”.
“O SNS está ameaçado de há vários anos a esta parte e é preciso quem saia à rua para o defender. O PS não é capaz nem quer afrontar os negócios privados. Seremos nós neste grande movimento que estamos aqui a construir que faremos essa luta”, afirmou.