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“Paliativos não são a arte de dar a mãozinha, são ciência.” Metade dos pacientes referenciados morre antes de chegar lá

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Sentada num cadeirão frente à janela, Luísa Morais olha para a imensidão do verde da paisagem a partir do quarto na unidade de cuidados paliativos do centro de acolhimento O Povorello, em Braga.

A esclerose lateral amiotrófica (ELA), diagnosticada em 2021, retirou-lhe a mobilidade, trouxe-lhe dores e medos — que aqui, garante, ficam do lado de lá da porta.

Não é medo de morrer. É mesmo medo da vida. Medo do que me espera, do sofrimento”, confidencia Luísa que, após uma pausa para um suspiro profundo e com os olhos embargados em lágrimas, explica que aqui não pensa “tanto nisso”, porque se sente “segura”.

“Lá em casa eu choro muito”, admite.

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Luísa é acompanhada pelo Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia. Foi encaminhada para 30 dias de internamento nos cuidados paliativos para descanso do cuidador, o marido. É a segunda vez que o faz. A primeira foi em agosto. “Gostei tanto que quis voltar”, brinca Luísa que, desta vez, admite já ter definido os planos para o futuro.

“Gostaria de terminar aqui os meus dias. Não era em casa”, assegura. “Aqui sinto-me mais confortável e apoiada e em casa não tenho isso. Então, para mim, seria bom, ficava descansada”.


“Qual é o plano dos nossos governantes para garantir todos os cuidados que os nossos idosos necessitam? Não há plano”, considera a enfermeira Margarida Fernandes


No quarto ao lado, ainda estão colados na parede os balões dourados dos 80 anos de Fernanda Martins. “Feitos há dias”, conta-nos a filha, Maria Lopes, enquanto aconchega os pés da mãe, doente oncológica em fase terminal.

Maria e a irmã são visitas diárias. Mas nem uma nem outra podiam cuidar de Fernanda. “Eu adorava cuidar da minha mãe, mas não somos enfermeiros nem médicos. Não lhe podemos dar a morfina”, começa por explicar.

De qualquer maneira, acrescenta, não tinha “possibilidade de ter lá um enfermeiro em casa para tratar dela, nem deixar o emprego”. E questiona: “Íamos viver do quê?”


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