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Liderar o PS? “Não me diminuo, não me afasto, não me apouco”, diz Alexandra Leitão

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A dirigente socialista e candidata à Câmara Municipal de Lisboa, Alexandra Leitão não afasta a possibilidade de um dia avançar para a corrida à liderança do PS, ressalvando que não é um futuro que planeie. “Não me diminuo, não me afasto, não me apouco e, portanto, não digo nem que sim nem que não”, diz a ainda líder parlamentar, que garante que, num “futuro próximo”, a questão “não se coloca”.

Em entrevista ao programa Hora da Verdade, da Renascença e do jornal Público, Alexandra Leitão assume-se convicta que o PS irá ganhar as eleições legislativas de 18 de maio. No caso de uma eventual derrota, a dirigente socialista descarta que isso custe a liderança de Pedro Nuno Santos.

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Na próxima semana, o PS deverá apresentar as listas de candidatos às legislativas. Alexandra Leitão acredita que ex-ministros como Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina e José Luís Carneiro são “mais-valias” para o partido.

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Sobre as autárquicas de Lisboa, por onde é candidata pelo PS, Alexandra Leitão diz que o resultado será da sua responsabilidade e garante que não irá “socializar” eventual derrota, que diz não esperar.

Sobre os resultados das eleições de domingo na Madeira, que fizeram com que o PS tenha passado de segunda a terceira força partidária, Alexandra Leitão admite que a passagem de Paulo Cafôfo pelo Governo de António Costa pode ter pesado, a par da decisão de o PS-Madeira ter aprovado a moção de censura do Chega que derrubou o Governo de Miguel Albuquerque. “Temos de concluir que o PS-Madeira tem de fazer mais e melhor”, conclui a dirigente socialista.

O que é que o PS fez mal para ter esta queda abrupta nas eleições na Madeira? Que lição é que o partido deve tirar?
A Madeira tem um ecossistema eleitoral e político muito específico. Basta dizer que em 51 anos de democracia o PSD governou sempre, com maiorias mais fortes ou menos. No continente não foi assim. Qualquer paralelismo fica logo por aí. Portanto, não podemos extrapolar para uma visão nacional.

É demérito do PS também, que não consegue descolar?
Não sendo uma grande conhecedora da situação concreta da Madeira, acho que, claramente, os madeirenses e porto-santenses não têm considerado o PS como uma alternativa de governo na Madeira.

Porquê?
Não sei dizer em concreto. Tenho ouvido muitas explicações, até de camaradas meus, associadas aos percursos políticos do Paulo Cafofo.

“Chegámos aqui porque o primeiro-ministro está envolvido ou teve uma situação de natureza ética (…) Não pode ser ignorada”

Por ter transitado para o governo?

Sim, mas eu não vou mesmo entrar por aí. Em 50 anos sempre tivemos a dependência enorme de toda a sociedade madeirense dos empregos, dos apoios. Portanto, não há uma sociedade civil. Temos de concluir que o PS-Madeira tem de fazer mais e melhor.

Isso significa que concorda com o secretário-geral, Pedro Nuno Santos, que lavou as mãos da responsabilidade do que aconteceu na Madeira?
Não acho que tenha feito isso. É verdade que no PS, como no PSD, os partidos regionais têm uma autonomia enorme, paralela à que a própria região tem. Na República, a orientação que tivemos sempre foi de não viabilizar moções de censura do Chega, votar mesmo contra. O que tivemos na Madeira, e na altura o secretário-geral disse claramente que era uma opção do PS-Madeira, na qual não se metia, foi, pelo contrário, de viabilizar uma moção de censura do Chega que não era, factualmente, a opção da República. Seguiram um outro percurso e, aparentemente, o povo madeirense não concordou.

Ou seja, o apoio do PS ao Chega castigou-os nas urnas?
Pode ser uma explicação. As pessoas, aparentemente, quiseram, de facto, penalizar quem deitou o governo abaixo. Vi uma publicação do Pedro Magalhães que dizia que as questões associadas à corrupção acabam por, às vezes, condicionar menos o voto do que se pretendia. Também ouvi dizer que houve buscas, mas depois disso também não houve mais nada e as pessoas vão esquecendo.

Aceitaria uma atitude dessas do secretário-geral do PS caso tenha um mau resultado em Lisboa? Ou seja, Pedro Nuno Santos dizer que isso é um problema do PS-Lisboa?

O resultado eleitoral que a minha candidatura tenha nas autárquicas, é, em primeiro lugar, da minha responsabilidade. Não procurarei socializar uma putativa, eventual, que não espero, derrota, e, portanto, devemos assumir as nossas responsabilidades e também o que nos corra bem. Agora, também é verdade que nas autárquicas não há uma autonomia regional.

“Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva, José Luís Carneiro, obviamente, são mais-valias do PS”

Portanto, será uma responsabilidade partilhada.

Eu não disse isso. Disse que a responsabilidade será sempre e só dos candidatos autárquicos a começar, minha, em Lisboa. Não posso antever qual vai ser a posição que o secretário-geral tomar quanto a isso. Uma coisa é certa: nas palavras do secretário-geral, a aposta que o PS fez em Lisboa é uma aposta elevada e que eu procurarei honrar, empenhando-me e trabalhando muito nesse sentido.

Tendo em conta o exemplo da Madeira, diria que não é aconselhável basear a campanha das legislativas na questão da ética e da transparência de Luís Montenegro? Aconselharia Pedro Nuno Santos a não dar grande relevância a essa parte e focar-se nas políticas? Ou o tema é incontornável em todos os discursos?

Não vou dar conselhos ao meu secretário-geral. As duas coisas não me parecem antitéticas. Acho que a campanha deve ser muito sobre políticas públicas e opções de governação.

E aí o PS discorda muito do que tem sido feito pelo Governo em áreas fundamentais como a Saúde, onde a situação é muito grave. Até aceito que, no anterior Governo, havia situações que não estavam resolvidas, mas pioraram. E além de que temos a situação do INEM por resolver, que é gravíssima. Na Educação a mesma coisa, com largas dezenas de milhar de alunos sem aulas.

Agora, também é verdade que chegámos aqui porque o primeiro-ministro está envolvido ou teve uma situação de natureza ética, profissional, de menor transparência, relativamente à qual optou por uma condução política que terminou na apresentação de uma moção de confiança, cujo desfecho não podia ignorar qual seria porque foi avisado pelo secretário-geral do PS, desde 10 de março do ano passado, que não seria viabilizada.

A condução política do processo desembocou na apresentação de uma moção de confiança, que não pode ter tido outro objetivo senão fazer cair o Governo e lançar-nos para eleições antecipadas. E, não pode ser ignorada nas eleições antecipadas que surgem na sequência direta dessa moção de confiança e dessa condução política.

O PS pode ser penalizado por centrar o discurso nessa tese de que há aqui uma falta de ética do primeiro-ministro?

Não sei, não vou fazer previsões, mas acho que o PS não vai centralizar nesse discurso. Mas não podemos ignorar o que nos trouxe até aqui. Nem é só a dimensão de transparência ou de ética, é a condução política do processo. Obviamente, as questões de governação e de políticas públicas são fundamentais. Portanto, acho que há espaço na campanha eleitoral e debates para essa abrangência de matérias.

Nessas medidas políticas, há várias bandeiras importantes da campanha de há um ano que já estão cumpridas – portagens, IRS, rendimentos de professores e forças de segurança. A que outras bandeiras terá o PS de agarrar-se na campanha eleitoral?

Faremos a atualização do programa eleitoral, que também tem um conjunto enorme de outras medidas, até de natureza mais estrutural. E ainda há a dimensão do que foi feito neste ano de desmontar coisas, como o alojamento local. Portanto, há também reposições.

O PS não tem descolado nas sondagens e na última há quase 40% de indecisos. Como é que não consegue aproveitar esta desvantagem do Governo?

O PS não descola… nem o Governo. Boa parte do que fez foi utilizar o excedente que havia para resolver e contentar uma série de corporações, e fez bem. Esteve um ano em campanha eleitoral com várias medidas que tomou. Talvez por isso tenha feito uma condução política que levou às eleições legislativas antecipadas. E não descola. Portanto, essa pergunta é reversível: há uma grande fragmentação e não sabemos como vai evoluir.

E, na última sondagem, o número de pessoas que considera que os esclarecimentos do primeiro-ministro não são suficientes é enorme. Acho que isso terá, eventualmente, algum peso.

“Liderar o PS? “Não me diminuo, não me afasto, não me apouco””

Pedro Nuno Santos disse em entrevista à CNN que os candidatos do PS às legislativas seriam escolhidos entre secretários de Estado e segundas linhas. Há uma tentativa de não ir buscar antigos ministros ligados ao costismo como Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva?

Ouvi a entrevista e não interpretei exatamente assim. Era uma pergunta sobre se era um homem só ou se tinha massa crítica à sua volta e respondeu que o partido é enorme e que tem muitos militantes, simpatizantes que pode chamar. E deu como exemplo, na expressão dele, ‘segundas linhas’ que passaram por governos, que eu interpretei como pudessem estar presentes na elaboração do programa, dar opiniões, não só concretamente estar nas listas, mas também eventualmente ir para um governo que o PS forme ganhando as eleições.

Acho que isso faz parte de alguma renovação. Não interpretei ao contrário, ou seja, que o chamamento dessas pessoas tivesse como consequência retirar outras e não me pareceu que ele tenha dado esse sentido de excludente entre as duas coisas.

Para si é líquido então que Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva, José Luís Carneiro façam parte das listas de candidatos à Assembleia da República por parte do PS?

Não sou secretária-geral, não tenho intervenção na elaboração das listas. Sou secretária nacional e elas passarão pelo secretariado nacional. O secretário-geral não falou sobre nenhum nome em concreto, não vou eu também fazê-lo. Mas posso dizer o que penso desses meus três camaradas: obviamente, são mais-valias do PS.

Na apresentação da sua candidatura à Câmara de Lisboa, Pedro Nuno Santos disse que Carlos Moedas estará à espera de que o líder do PSD caia para sair rapidamente da câmara. E no seu caso, Alexandra Leitão está à espera de um dia de substituir Pedro Nuno Santos?

Não me parece que os resultados destas legislativas devam ter nenhuma leitura para a liderança do PS.

Porquê?

Acho que não devem ter. Pedro Nuno Santos é secretário-geral há pouco mais de um ano. Nas primeiras eleições a que se apresenta, obviamente difíceis, porque tínhamos tido oito anos [de Governo], tem um resultado que é praticamente um empate. Agora tem estas legislativas antecipadas, com outras eleições pelo meio, portanto, acho que isso não está francamente em causa.

E nas autárquicas também não terá essa leitura?

Não, creio que não. O PS vai vencer as eleições a que se está a propor, as duas deste ano, e acho que, pela minha parte, as autárquicas vão ser uma grande vitória e, portanto, a questão no imediato não se coloca.

Mas não a deixo sem resposta: num futuro que não planeio, em qualquer situação futura que possa ocorrer, não me diminuo, não me afasto, não me apouco e, portanto, não digo nem que sim nem que não. Agora, no imediato, as questões, e num futuro próximo, acho que esta questão não se coloca.


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