Atualidade

Rui Rocha não estabelece metas eleitorais. “Não vou limitar possibilidade de crescimento da IL”

Publicidade - continue a ler a seguir

O presidente da Iniciativa Liberal (IL) e recandidato à liderança do partido, Rui Rocha, quer subir os resultados nas próximas eleições autárquicas e presidenciais, mas não define objetivos concretos para “não limitar o crescimento” da IL.

Para as autárquicas de setembro, Rui Rocha tem como base os 90 núcleos do partido e quer cumprir “a missão” de aconselhar todos a avançar com candidato próprio. Nas maiores autarquias – Lisboa e Porto – o partido ainda estuda uma solução.

O partido tem um portal com um formulário para quem quiser ser candidato pelo partido e Rui Rocha assegura que “não se trata, de qualquer dificuldade de recrutamento”.

Para as presidenciais, o líder da IL mantém segredo sobre a quem fez um convite e acredita que o resultado será positivo.

Publicidade - continue a ler a seguir

Quanto às acusações internas de nepotismo e falta de transparência sobre a direção, o atual presidente dos liberais responde ao opositor Rui Malheiro dizendo que tem um discurso “populista”.

A IX Convenção da IL vai realizar-se no próximo fim de semana, em Loures.


Na Convenção Nacional, as eleições autárquicas e presidenciais vão ser certamente temas, mas Rui Rocha não coloca um objetivo concreto. Tem medo de se comprometer?

Não se trata disso. O que não faz sentido é limitar o potencial crescimento da Iniciativa Liberal. Eu estou absolutamente convencido que nós, nas eleições que acontecerem no próximo mandato, cresceremos.

A Iniciativa Liberal tem esse potencial de crescimento e é esse o espírito com que nos apresentamos: crescer em todas as eleições, alargar o impacto e a presença da IL na sociedade portuguesa.

Diz alargar, mas não diz quanto?

Não quero estar a limitar esse objetivo. Faz sentido que estejamos disponíveis para crescer e crescer sempre, isso vai acontecer e não faz sentido estar a limitar os objetivos à IL.

A Iniciativa Liberal tem um portal para candidatos às autárquicas. Quem quiser ser candidato pode preencher um formulário. O partido está com dificuldades em encontrar pessoas para as próximas eleições?

A Iniciativa Liberal tem um campo de recrutamento vasto. O partido cresceu muito nestes últimos dois anos. Nós crescemos 20% em termos de membros, crescemos 30% em termos de núcleos territoriais e, portanto, temos um campo de recrutamento vasto. Agora, isso não quer dizer que não estejamos abertos à sociedade civil, a eventuais candidatos que não façam parte do partido e que não estejamos disponíveis para avaliar propostas, pessoas e projetos que possam corresponder à visão da Iniciativa Liberal.

Não se trata, de todo, de qualquer dificuldade de recrutamento. Nós vamos ter até a necessidade de ser seletivos relativamente ao âmbito das nossas candidaturas.

“Não vou limitar a possibilidade de crescimento da Iniciativa Liberal”

Mas porque é que têm estas candidaturas abertas?

Porque queremos estar abertos à sociedade, queremos estar abertos a quem quer participar. Obviamente que depois há uma exigência muito grande nos candidatos que podem representar a Iniciativa Liberal, mas é só uma questão de abertura.

Como está a relação com os núcleos? Na Renascença, o outro candidato à liderança acusou a atual direção de abandonar os núcleos do partido. Foi isso que aconteceu nos últimos dois anos?

Temos na Iniciativa Liberal a obrigação de fazer dentro do partido e defender dentro do partido o mesmo que fazemos e que defendemos no país e isso passa também pela forma como nos relacionamos e como combatemos o populismo. Creio que a próxima Convenção da Iniciativa Liberal vai dar um sinal muito claro de que estamos unidos na luta contra o populismo.

Sobre esse tipo de afirmações e de acusações eu não quero fazer grandes comentários, porque têm apenas uma origem: uma visão populista baseada em falsidades, baseada em factos aficionados, que leva depois a esse tipo de afirmações.

A Iniciativa Liberal, como eu disse, cresceu muito, tem crescido muito em termos da sua presença nos núcleos territoriais.

O partido tem feito um esforço grande. Já há muitos meses que nós estamos a preparar as próximas eleições autárquicas apoiando os núcleos com formação.

É óbvio que os meios do partido não são ilimitados e, portanto, isso nunca é tanto como nós gostaríamos. Nunca é tanto, eventualmente, como os núcleos desejarão, mas a Comissão Executiva e eu próprio temos tido essa proximidade, essa abertura e essa presença sempre que é possível e sempre que os meios do partido permitem.

Rui Rocha recandidata-se à liderança da Iniciativa Liberal

O estado de saúde dos núcleos é positivo?

É muito positivo. O partido está a crescer e tem uma enorme energia. Está cheio de vontade de participar nas próximas autárquicas, está motivado, está entusiasmado e vamos crescer.

Da última vez foram apresentadas candidaturas em 53 municípios. Qual é o objetivo agora?

A base das candidaturas que a Iniciativa Liberal vai apresentar será a sua presença territorial. Nós crescemos cerca de 30% em número de núcleos e temos agora perto de 90 núcleos constituídos e essa é a base. Não quer dizer que num caso ou noutro mesmo tendo núcleo nós acabemos por decidir em não concorrer. Da mesma maneira que, em municípios onde não temos ainda núcleo constituído é possível que apresentemos candidatura.

A base são estes 90 núcleos que temos e depois é uma questão de oportunidade e das decisões que tomarem, mas é sobre esta base que se hão de construir as candidaturas da Iniciativa Liberal.

Já há decisões fechadas nos núcleos? Quantas?

Na Iniciativa Liberal este é o momento dos núcleos e há algumas decisões já tomadas, mas eu não consigo quantificá-las neste momento. Lembro-me que a última que foi discutida é a decisão de Castelo Branco, por exemplo, que irá com listas próprias, que é uma decisão que eu apoio e eu tenho feito esse desafio ao partido e aos núcleos: é desejável, é muito bom para a Iniciativa Liberal que nos apresentemos por regra com candidaturas próprias e, portanto, a minha missão neste momento é apresentar esse desafio ao partido.

Nas últimas autárquicas em 2021, a Iniciativa Liberal elegeu 26 deputados municipais e não conseguiu nenhum vereador, nem presidente. No entanto, apoiou candidaturas como a de Rui Moreira, que foi eleito como presidente da Câmara no Porto e também de Tiago Mayan Gonçalves, que chegou a assumir uma presidência numa junta de freguesia. A prioridade é ter candidatos próprios, coligações ou apoiar independentes?

Neste momento, que é o momento dos núcleos territoriais da Iniciativa Liberal, eu tenho uma missão que é dizer ao partido, dizer aos núcleos que desejo que apresentem por regra candidatos próprios. O desafio que faço é que essas coligações, essa participação noutro tipo de soluções, seja uma exceção e não seja regra.

No caso de Lisboa já disse que só apoia Carlos Moedas se fizer diferente. Pedia que fosse mais concreto.

Há uma que é óbvia. Nós defendemos uma descida de impostos e aquilo que se passa relativamente às derramas não é algo que possamos considerar positivo, de facto, em termos de IRS houve uma descida, mas do ponto de vista das derramas, elas continuam no mesmo ponto em que estavam e isso para nós é um ponto negativo.

A gestão do património imobiliário da própria câmara é um ponto que nós consideramos negativo. Há património devoluto, há património abandonado e no momento em que temos uma crise de habitação, uma gestão eficiente do património imobiliário do município é obviamente um desejo que deve estar presente nesse espírito de mudança e, portanto, estão aí duas pistas para Carlos Moedas. Ainda no cenário que temos sobre a mesa de não participarmos em nenhum tipo de entendimento, Carlos Moedas tem aí boas pistas para mudança no futuro da cidade.

Rocha e Cotrim fora das Presidenciais. Apoio a Moedas nas autárquicas

Ainda não se reuniu com o PSD sobre o assunto?

Especificamente sobre o assunto não. Até como tive oportunidade de dizer e contrariando a notícias que vieram a público nas últimas semanas, é completamente falso que existe algum tipo de acordo de entendimento generalizado ou sobre alguma autarquia.

O momento atual é mesmo o momento dos núcleos. É isso que eu quero que aconteça, que os núcleos com a sua autonomia, com a sua liberdade, decidam desejavelmente, sempre que possível em irmos sozinhos.

Se não apoiar a candidatura de Carlos Moedas, quem é que poderá ser candidato pela Iniciativa Liberal?

É o tempo dos núcleos. Eu creio que há muitos quadros qualificados da Iniciativa Liberal, também em Lisboa, portanto, eu imagino várias possibilidades de candidatura de cabeças de lista que representarão um excelente desafio eleitoral.

Não quer deixar dois nomes, por exemplo?

Não vou sugerir nenhum nome.

E no Porto vão sozinhos, em coligação ou em apoio?

Não há nenhuma diferença relativamente ao que acabei de dizer. É o tempo dos núcleos territoriais e ao presidente cabe desafiar o partido.

Para as presidenciais, já avançou que vai anunciar o convite que fez dentro do partido se vencer as eleições internas. No entanto, já se falam em dois nomes: Mariana Leitão e Rodrigo Saraiva. Foi a algum destes nomes que fez o convite?

Não me vou pronunciar sobre nomes concretos. O momento de fazer esse desafio público está próximo e, portanto, aquilo que eu desejo é fazer esse desafio público nos próximos dias e depois apresentar essa discussão ao Conselho Nacional e avançarmos para o apoio a uma candidatura que eu desejo que seja uma candidatura que traga frescura, ambição, coragem, que traga uma visão diferente, que não está representada neste momento no panorama político.

Rodrigo Saraiva parece-lhe um bom candidato presidencial?

Não vou comentar nomes, peço desculpa.

Chegou a dizer que o candidato que convidou terá um perfil campeão, isto quer dizer que está confiante num bom resultado? Em 2019 o candidato apoiado pela IL conseguiu cerca de 3% do eleitorado. Qual é a meta para o próximo ano?

Estou muito confiante que esse desafio corresponde a um perfil de uma pessoa que vai trazer frescura, novidade, abertura e uma coisa muito importante que me parece que é necessária nesta eleição presidencial, a capacidade de como portugueses acreditarmos em nós mesmos, acreditarmos em Portugal.

Temos consciência das dificuldades que o país vive, mas temos uma profunda convicção de que mudar o país, mudar esta estagnação está ao alcance dos portugueses e, portanto, como eu tenho confiança nesta visão e nesta capacidade de a protagonizar a resposta é sempre a mesma: O nosso desejo é sempre crescer em todas as eleições em que participamos.

Mas querem manter o resultado das europeias, por exemplo, nas presidenciais?

Não vou limitar a possibilidade de crescimento da Iniciativa Liberal em nenhuma eleição e muito menos numa eleição presidencial, podendo corresponder de alguma maneira ao desafio que o partido apresenta, é uma eleição eminentemente pessoal. Cabe ao candidato – que eu desejo que a Iniciativa Liberal apoie – estabelecer os seus objetivos, estabelecer a sua linha programática, estabelecer a sua visão.

Creio que será a uma visão transformadora e de motivação para o país neste momento que estamos a viver tempos de algum descrédito de algum desconforto.

E no caso de acontecer em eleições legislativas nos próximos anos, qual é a sua ambição?

A mesma, crescer. A Iniciativa Liberal vem de uma eleição que foi muito difícil onde houve um grande movimento de voto útil porque havia um desejo de terminar o ciclo socialista. Acredito que à medida que o tempo passa, muitos portugueses que acabaram por votar na AD a perceber que só há uma força reformista em Portugal, que só há uma força política com a capacidade e com energia de fazer as transformações que o país precisa, nomeadamente para dar um exemplo muito concreto, a reforma do Estado.

Eu creio que o caminho para o crescimento da Iniciativa Liberal sobre esse resultado das últimas legislativas é, seguramente, um caminho de crescimento, de ganhar confiança adicional dos portugueses e de transportar com sentido de responsabilidade esta bandeira reformista, cujos exemplos são: a reforma do Estado e para mim, há duas reformas que são gémeas, a reforma do Estado e a reforma fiscal. São dois movimentos absolutamente indispensáveis no país. Um depende do outro de alguma maneira e essa coragem só a Iniciativa Liberal tem.

Deixem-me insistir em objetivos. Nas últimas legislativas foram eleitos oito deputados e na campanha colocou o objetivo de eleger 12. Nas próximas, quer oito, 12 ou mais?

Numas próximas, mantenho a intenção de crescer e a convicção de que a Iniciativa Liberal terá essa capacidade.

Eleições IL. Malheiro culpa Rocha pela desunião e falta de transparência

Sobre as relações internas, Rui Malheiro fala em nepotismo no partido e acusa a sua direção de falta de transparência. Consegue perceber as críticas? O que é que está a falhar na comunicação interna?

Não consigo de todo e isso entra naquela questão que eu abordava no início. Nós temos de ser capazes de combater o populismo no país, mas temos de ser capazes também de combater o populismo dentro do partido. Populismo que se alimenta e se alicerça em factos que não correspondem à realidade. A afirmação de factos que não correspondem à realidade, são falsidades e, portanto, sobre essas matérias, a minha resposta será sempre a mesma – eu não vou alimentar discursos cujo único propósito é diminuir a Iniciativa Liberal e agredir a boa imagem da IL.

Rui Malheiro é um populista?

O discurso que tem feito, tem sido.

A sua lista para a Comissão Executiva tem algumas alterações. Até agora teve como vice-presidente Bernardo Blanco, que sai da direção para apresentar uma candidatura própria ao Conselho Nacional, sendo que já admitiu que no futuro quer ser líder da Iniciativa Liberal. É um candidato que vai ter o apoio de Rui Rocha?

Nós estamos no presente, não estamos no futuro e, no presente, o candidato que tem o apoio de Bernardo Blanco sou eu próprio. Tive muito gosto em tê-lo na equipa. É um excelente quadro da IL e tenho muito gosto em que ele tenha essa ambição. A Iniciativa Liberal precisa de quadros qualificados para os desafios do futuro, mas neste momento vivemos no presente e o Bernardo apoia a minha candidatura e eu agradeço-lhe por isso.

Também a candidatura da oposição interna acusou o grupo parlamentar da Iniciativa Liberal de “alarmismo social” no que diz respeito à imigração. Em causa a proposta para se ter acesso a mais dados sobre criminosos e vítimas. Considera que esta proposta apresentada pelo partido contribui para o alarmismo social?

Eu creio que é mesmo uma proposta que contribui para o esclarecimento, para o debate informado, para a capacidade de suportar políticas públicas em dados. Aliás, isso foi amplamente reconhecido quando a Iniciativa Liberal apresentou esta proposta e tivemos muitas horas de comentário, muitas horas dedicadas a este tema e a opinião generalizada foi a de que esta é uma boa proposta. É uma proposta que combate o populismo, porque até agora aquilo que temos feito é um debate sem dados e quando não há dados, temos a possibilidade que é real e tem acontecido no debate público de imputações coletivas de culpa e isso é anti-liberal. Portanto, falar com dados é fundamental. Os dados não discriminam tanto nessa matéria como noutras. É a falar com factos e com dados que se combatem os populismos.

Iniciativa Liberal quer conhecer nacionalidade e género de criminosos e vítimas

Qual é a sua opinião sobre o que aconteceu no Martim Moniz? A operação polícia, depois as manifestações e o episódio de violência no dia seguinte.

Com os dados que conhecemos e já vimos que eles são insuficientes, existem questões da segurança que devem ser tratadas. É certo que Portugal é um país seguro nos rankings sobre a matéria, mas é certo também que há dados claros que apontam para um crescimento de determinados tipos de criminalidade nos últimos tempos e, portanto, nós devemos estar nesse debate, devemos ter medidas concretas para esse debate.

Sobre ações policiais mais viradas para os espetáculos, eu não tenho uma opinião demasiado favorável, ou seja, é importante que haja presença policial, nós sabemos que as rusgas são uma prática relativamente normal e estão previstas na legislação aplicável, mas aquilo que eu critico mesmo, é que as coisas não podem ficar por aí e, portanto, tudo o resto que está menos à superfície, mas que é mais importante como a policiamento de proximidade tem estado menos presente quer no debate e nas prioridades do Governo.

Há muito trabalho administrativo que se faz numa esquadra de polícia que não tem de ser feito por polícias. Primeiro, é preciso perguntar se esse trabalho administrativo não pode ser simplificado, segundo ainda que tenha de ser feito na parte em que tenha de continuar a ser feito, não deve ser feito por polícias. Para quê? Para que os polícias passem menos tempo em trabalho administrativo e mais tempo junto dos cidadãos, ora é este tipo de questões: o equipamento das polícias, as viaturas, a formação e esta alteração da ideia de que os polícias têm de estar a fazer trabalho administrativo que é fundamental.

Esse é, aliás, um ponto da sua moção estratégica global. Quem é que passa a fazer o trabalho administrativo?

Um polícia seguramente não deve fazer trabalho administrativo

“Temos de ser capazes de combater o populismo no país e dentro do partido”

Quem o deve fazer?

Isso permite-me até falar de um desejo e de uma proposta ampla que nós temos de reforma do Estado.

O Estado tem mais 100 mil funcionários públicos do que tinha em 2015 e curiosamente em muitas áreas fundamentais continuam a dizer-nos que há falta de funcionários públicos. A conclusão que nós temos de tirar é que há uma desorganização da administração pública, há uma burocratização excessiva de trabalho, há uma redundância excessiva do trabalho, há demasiado tempo investido em tarefas administrativas.

É preciso simplificar a administração pública, cruzar informação – a que está disponível para uns tem que estar disponível para outros – sempre com respeito das questões da privacidade, obviamente, mas os sistemas da administração pública não falam uns com os outros, há tarefas duplicadas, triplicadas e preenche-se o mesmo formulário em vários momentos, em várias alturas. Tudo isto tem que ser mudado radicalmente.

Isso levará a que, por um lado, seja possível diminuir o número final de funcionários públicos. Nós entendemos que até ao fim da legislatura, com este tipo de reforma, é possível diminuir cerca de 50 mil funcionários públicos que são metade daqueles que vão para a reforma nos próximos anos, portanto, sem que haja nenhum drama social associado, as pessoas não vão para o desemprego, pura e simplesmente chegam ao tempo da reforma e saem e não devem ser substituídas um por um, ou seja, por cada duas pessoas que saem deve entrar uma com mais qualificações.

É possível ainda uma outra coisa: diminuindo o número total, pagar melhor em função de resultados aos funcionários públicos que de facto acrescentam valor. Isto é uma transformação fundamental que só a Iniciativa Liberal é capaz de propor.

Na sua moção também defende que é necessário recuperar a confiança dos portugueses nas instituições. Episódios como da última semana em que assistimos a um deputado do Chega que, alegadamente, roubava malas nos aeroportos, ajudam esse trabalho?

Dificultam, obviamente. Não só esse episódio que é absolutamente lamentável, mas também o episódio que foi conhecido das relações laborais no Bloco de Esquerda, que tem uma dimensão de hipocrisia e eu não sei mesmo se não tem também uma dimensão criminal, na medida em que pode estar em causa um crime de fraude à Segurança Social. Ambos os casos são lamentáveis, são casos de hipocrisia, num caso é e no outro também pode ser criminal.

Isso representa, de facto, um desafio para todos e é por isso que os populismos aparecem com mais dinâmica do que nós gostaríamos, mas esse é um combate que temos que fazer do ponto de vista do discurso e do rigor que pomos nas nossas abordagens às instituições. É um trabalho inacabado, é um trabalho permanente e é um trabalho que sobre o qual temos que continuar a fazer e passa também, obviamente, pela condenação evidente destes casos.

Deveria o deputado Miguel Arruda continuar no Parlamento?

Essas são as regras. Eu creio que não é essa a questão fundamental que está aqui em causa. Creio que não há nenhuma qualificação deste deputado para representar seja quem for no Parlamento, mas o problema é anterior e está na constituição das listas. Agora, há esta evidência destes factos conhecidos, mas antes disso a qualidade deste deputado já era conhecida. É particularmente hipócrita que o Chega queira demarcar-se deste deputado como se tivesse descoberto agora, como se tudo isto fosse novo e não fosse evidente a qualidade, deputado, não fosse evidente a radicalização do discurso do deputado não fosse evidente a sua falta de qualidade para exercer e fazer trabalho.

É evidente que todos cometemos erros, mas estes eram demasiado óbvios. Estes eram demasiado evidentes.

Liberais pedem saída de Mayan. Ou é “expulso” ou sai pelo “próprio pé”

Também a Iniciativa Liberal, no ano passado, passou por um episódio semelhante com Tiago Mayan Gonçalves e uma alegada falsificação de assinaturas numa junta de freguesia. Esse episódio também não fragiliza a imagem dos políticos?

Obviamente que que são episódios indesejáveis. Eu próprio tive oportunidade de me pronunciar sobre ele nas horas imediatas e é absolutamente inaceitável.

Estas situações, infelizmente, acontecem. Nós devemos fazer tudo para evitar que aconteça melhorando a seleção das pessoas que representam os partidos neste tipo de cargos, mas é absolutamente fundamental a reação que os partidos têm nestas matérias e a reação que o presidente da Iniciativa Liberal teve esta matéria é a reação que define posicionamento do partido sobre estas questões.

É intolerável, é inaceitável e nessa medida faremos tudo para que não volte a acontecer e se tiver de acontecer que a reação seja exatamente a mesma.

Mas Tiago Mayan Gonçalves continua no partido?

Este é o tempo da justiça dentro do partido e creio que, nas próximas semanas, haverá desenvolvimentos. Há prazos para cumprir. O processo disciplinar foi iniciado e o Conselho de Jurisdição avaliará. Aquilo que eu posso pedir apenas é que todos os prazos sejam cumpridos. Todas as garantias de defesa sejam cumpridas. Tenha certeza que assim será e que a decisão seja absolutamente adequada à gravidade dos fatos.

Na sua visão pessoal. Se fosse o Rui Rocha o que é que faria?

Compreenda que não me consigo colocar sequer na posição de quem tem este tipo de atitude. O deputado do Chega, com toda a crítica que podemos fazer sobre toda a situação, optou por desfiliar-se e eu creio que não há dúvida de que nestes casos seria o mais desejável para todos.


Source link

Looks like you have blocked notifications!
Este artigo é Útil?




Portalenf Comunidade de Saúde

A PortalEnf é um Portal de Saúde on-line que tem por objectivo divulgar tutoriais e notícias sobre a Saúde e a Enfermagem de forma a promover o conhecimento entre os seus membros.

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

Publicidade - continue a ler a seguir
Botão Voltar ao Topo