Ordem dos Médicos quer mais informação sobre morte de bebés em Portugal
A Ordem dos Médicos apela à Direção-Geral da Saúde (DGS) que revele e analise, “caso a caso”, as causas da mortalidade de bebés.
Perante os números anunciados relativos a 2024, que atingiu o valor mais alto desde 2019, a Ordem dos Médicos pede a criação de um Grupo de Trabalho sobre este tema.
“Temos que saber caso a caso quais foram os motivos para sabermos se há ou não uma tendência. A Ordem dos Médicos já pediu várias vezes à Direção-Geral da Saúde e ao Ministério da Saúde de um grupo de trabalho para esse efeito”, afirma o bastonário Carlos Cortes, em declarações à Renascença.
O bastonário da Ordem dos Médicos salienta que, não conhecendo o número total de nascimentos que têm aumentado nos últimos anos, não é possível afirmar se houve aumento da taxa de mortalidade.
“Outro aspeto relevante é conhecermos a taxa de mortalidade infantil, para perceber se há uma evolução nos últimos anos neste parâmetro que é muito importante para avaliar a qualidade do sistema de saúde”, sublinha Carlos Cortes.
O objetivo é perceber se o maior número de bebés mortos se deve ao aumento da natalidade ou por outras causas, sublinha o bastonário da Ordem dos Médicos.
O número absoluto de bebés mortos está a aumentar em Portugal, depois de vários anos em queda. Em 2024, morreram 261 bebés com menos de um ano de idade, o mais alto número registado desde 2019, de acordo com dados avançados esta sexta-feira pelo diário “Público”.
Em 2022, morreram 233 bebés com menos de um ano e, em 2023, o número até baixou para 219. O aumento de 2024 surge em contraciclo com a mortalidade geral, que atingiu níveis pré-pandemia, algo que pode ser explicado pelo aumento da natalidade no país. Em 2023, foram submetidas ao “teste do pezinho” 85.764 recém-nascidos, mais 2.328 bebés do que em 2022 (83.436).
Os dados relativos a 2024 ainda não são conhecidos na sua totalidade – só vão até setembro – mas o último ano pode ter sido marcado por um recuo na natalidade já que, nos últimos três trimestres de 2024, foram testados 63.237 recém-nascidos, menos 430 bebés do que no mesmo período do ano anterior, segundo dados avançados em outubro pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
O vice-presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar, António Luz Pereira, disse à Renascença que estes dados são um “alerta para a necessidade de perceber as causas” do aumento da mortalidade infantil.
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