
Morreram 60 mulheres na sequência da gravidez em cinco anos. Em 2021, 71% tinham mais de 35 anos
Em 2021, 71,4% das mulheres que morreram em consequência da gravidez tinham mais de 35 anos. Os dados do Relatório da Mortalidade Materna da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgados esta quinta-feira, revelam que 60 mulheres morreram durante a gravidez ou no parto entre 2017 e 2021.
Ao olhar para os cinco anos que o relatório cobre, metade das mulheres (51,7%) que morreram nestas situações tinham menos de 35 anos. Esta discrepância revela que estão a aumentar as mortes maternas em grávidas e parturientes dos 35 ao 44 anos.
Além de as mulheres portuguesas estarem a ter o primeiro filho mais tarde, também a proporção de nados-vivos que são filhos de mulheres com mais de 35 anos tem aumentado constantemente em 20 anos – o que mostra que aumenta o número de mulheres mais velhas que chega ao fim da gravidez com sucesso.
Em 2002, apenas 14,4% dos nados-vivos tinham uma mãe com mais de 35 anos, mas, em 2021, essa proporção subiu para 33,8%.
Se aumentaram as boas notícias, também aumentaram as más, já que a mortalidade materna também tem uma trajetória de subida. Em dez anos, entre 2012 e 2022, o rácio de mortalidade materna subiu de 6,1 para 13,1 mortes por cada 100 mil nados-vivos, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).
No entanto, há valores mais altos. Na faixa etária dos 35 aos 39 anos e na dos 40 aos 44 anos esse número é mais elevado do que a média: 39 (por cada 100 mil nados-vivos) morreram entre os 35 e os 44 anos durante a gravidez, entre 2017 e 2021. No período anterior, entre 2014 e 2018, esse valor estava nos 31,1.
Este aumento, lê-se no relatório da DGS, pode dever-se, também, a mudanças metodológicas no registo de mortes maternas no Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO) a partir de 2014.
O rácio de mortalidade materna também é superior à média nas mulheres estrangeiras. Apesar de a grande maioria (75%) das mulheres que morreram na sequência da gravidez serem portuguesas, a taxa de mortalidade materna de estrangeiras em Portugal é de 29,1 por 100 mil nados vivos, em oposição a 12 por 100 mil, quando se fala de portuguesas.
As mulheres que engravidem depois dos 35 anos – que tenham a tradicionalmente chamada gravidez geriátrica – podem ter “mais tendência para diabetes, para tensão arterial, e para comorbidades que depois fazem com que seja uma gravidez de risco”, explica Cristina Teixeira, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
O Relatório da Mortalidade Infantil da DGS, também divulgado esta quinta-feira, denota que a relação entre a idade da mãe e complicações durante a gravidez e o parto não se restringe à mulher. Quando se olha para os filhos destas grávidas, também a mortalidade neonatal precoce aumentou, entre 2020 e 2021, “nos grupos de mães com idades acima dos 35 anos”.
E há outro dado relevante: os nados-vivos de mães com mais de 35 anos correspondem a 33,4% do total, uma proporção idêntica à dos bebés nascidos de mães entre os 20 e os 29 anos.
Apesar de ter uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas da União Europeia, Portugal está ligeiramente acima da média da OCDE no que toca a mortalidade materna.
[Notícia atualizada às 9h34]
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