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Acumulação de impactos humanos nos rios pode agravar crise climática

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O efeito das atividades humanas nos rios contribui para aumentar a concentração de gases com efeito de estufa nas suas águas, potencialmente intensificando a crise climática.

A conclusão resulta de um estudo internacional liderado por Cláudia Pascoal, diretora do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho, publicado na revista “Global Change Biology”.

Em comunicado, a Universidade do Minho explica que os investigadores analisaram amostras de gases com efeito de estufa e mediram o metabolismo dos ecossistemas em 50 rios do Norte de Portugal ao longo de um gradiente de impactos humanos, “verificando-se o aumento de nitratos, da temperatura e da redução de oxigénio na água”.

A equipa concluiu que estes impactos combinados podem duplicar a concentração de gases com efeito de estufa nos rios.

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Segundo Cayetano Gutiérrez, da Universidade Rey Juan Carlos (Espanha) e coautor do estudo, citado no comunicado, percebeu-se pela primeira vez que a “soma de vários impactos antropogénicos” aumenta a concentração de “gases com efeito de estufa, nomeadamente dióxido de carbono e metano, que podem ser emitidos para a atmosfera”.

De acordo com o investigador, “muitos rios estão expostos a múltiplos impactos, aumentando assim o risco de agravamento da crise climática se não forem tomadas medidas para melhorar a saúde desses ecossistemas”.

Os resultados do estudo indicam ainda que a escala espacial dos impactos humanos afeta de forma diferente as concentrações de dióxido de carbono e de metano nos rios.

“O dióxido de carbono, mais solúvel, pode percorrer longas distâncias e responder a impactos à escala da bacia hidrográfica, devido às atividades agrícolas ou ao escoamento urbano. O metano, menos solúvel, escapa rapidamente para a atmosfera, respondendo aos impactos locais e aos da bacia hidrográfica”, explica Daniel von Schiller, da Universidade de Barcelona (Espanha) e igualmente coautor da investigação.

Para os investigadores, o estudo tem implicações para a gestão dos rios, onde as medidas de restauro geralmente se focam em ações locais.

“Os nossos resultados reforçam a necessidade de uma gestão integrada à escala da bacia hidrográfica, não só para preservar a biodiversidade e os benefícios que os rios providenciam à sociedade, mas também para evitar o agravamento da crise climática”, conclui Cláudia Pascoal, que é também diretora do Instituto de Ciência e Inovação para a Bio-Sustentabilidade (IB-S) da UMinho.

O estudo teve o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, do FEDER e de bolsas da Fundação “la Caixa” e Marie Curie.


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