Farmacêuticos do SNS em greve contra impasse nas negociações
A greve, que se iniciou às 00h00 de hoje e termina às 23h59 de quinta-feira, surge depois de a Tutela ter adiado uma reunião que estava prevista para o início do mês.
O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) lembra que, durante seis meses de reuniões, o Ministério da Saúde sempre disse compreender a necessidade de corrigir a situação em que se encontram estes profissionais, recordando, no entanto, que, apesar desse reconhecimento, “nada foi efetivamente feito” para que a correção da situação dos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) acontecesse.
Em comunicado, os farmacêuticos referem que tinham apresentado uma proposta, que não mereceu qualquer resposta por parte da Tutela, e dizem sentir-se discriminados, pois o Ministério da Saúde assumiu o compromisso de negociar nova grelha remuneratória para os médicos com efeitos a janeiro de 2025 e chegou a acordo com alguns sindicatos de enfermeiros.
“O SNF deu espaço, latitude e tempo a este Governo para que hoje (outubro de 2024) estas negociações estivessem concluídas ou pelo menos em vias de o serem”, sublinha.
A 03 de outubro, Henrique Reguengo afirmou que, seis meses depois de negociações, não havia um ponto do caderno reivindicativo apresentado em abril que estivesse resolvido.
O responsável sublinhou que a grelha salarial dos farmacêuticos data de 1999 e que os cerca de mil que exercem no SNS gerem a segunda maior fatia do orçamento da Saúde e conseguem, pela gestão de fármacos, uma poupança anual que “só por si pagaria o aumento”.
Henrique Reguengo disse ainda estranhar o adiamento da reunião, que estava agendada o início do mês de outubro, alegando que nas reuniões “foi perfeitamente claro e assumido (…) que [o Governo] reconhecia que a situação dos farmacêuticos era absurda (…) e que era necessário intervir e mudar rapidamente”.
Recordou que o sindicato já tinha ajustado a proposta inicial e considerou que, com a falta de contraproposta por parte do Ministério da Saúde e o adiamento da reunião, o Governo mostra “falta de vontade política”.
Lembrou que a intervenção farmacêutica é cada vez mais complexa e necessária e que, desta forma, o SNS vai ter cada vez menos pessoas interessadas na profissão, sublinhando que alguns internos (da residência farmacêutica) já estão a sair.
“Os farmacêuticos, para já, têm uma empregabilidade de 100%. Se não vierem para o SNS, vão para outro sítio onde lhes paguem como merecem”, concluiu.
A concentração junto ao Ministério da Saúde ocorrerá pelas 14:00 de quinta-feira.
LUSA
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