Terapia combinada reduziu delírio agitado em pacientes com câncer avançado

O tratamento com uma combinação de haloperidol e lorazepam reduziu os sintomas de delírio agitado, uma condição comum de fim de vida para pacientes com cânceres avançados, em comparação com haloperidol sozinho, de acordo com um novo estudo liderado por pesquisadores do The University of Texas MD Anderson Cancer Center. As descobertas foram apresentadas hoje no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) de 2024.

O delírio agitado ocorre quando a função cerebral de um paciente começa a se deteriorar conforme o câncer avança, resultando em muitos pacientes começando a se comportar de forma agressiva ou anormal. Embora o uso de medicamentos nesse cenário tenha sido debatido, esses resultados sugerem que tratamentos combinados personalizados podem melhorar significativamente os sintomas para pacientes no fim da vida.

“Delírio avançado é comum e altamente angustiante em muitos pacientes com cânceres avançados recebendo cuidados paliativos, mas tivemos evidências limitadas sobre o uso e a eficácia do tratamento para essa condição”, disse o pesquisador principal David Hui, MD, professor de Medicina Paliativa, Reabilitação e Integrativa. “O estudo RECORD oferece dados e insights valiosos que apoiam o uso da terapia no cenário de cuidados paliativos para fornecer aos pacientes maior conforto.”

Pacientes que receberam a combinação de haloperidol e lorazepam apresentaram uma redução significativa no delírio agitado quando medido em 24 horas com uma ferramenta de pontuação padrão. No mesmo período, esse grupo não precisou de mais do que duas doses de resgate, ou medicação adicional fornecida conforme necessário.

Os pesquisadores também observaram uma redução significativa no delírio agitado em pacientes tratados apenas com lorazepam, mas esses pacientes precisaram de mais doses de resgate. O grupo placebo viu muito pouca redução no delírio e, em alguns cenários, os pacientes precisaram de até cinco doses de resgate.

O estudo multicêntrico avaliou o tratamento em 75 pacientes adultos em vários tipos de câncer. Os pacientes receberam tratamento cego com a terapia combinada, apenas lorazepam ou placebo por via intravenosa a cada quatro horas. Os eventos adversos observados no estudo eram esperados e consistentes com o processo de fim de vida.

“Ao personalizar proativamente o tratamento desse sintoma angustiante, estamos oferecendo aos cuidadores, familiares e pacientes uma oportunidade de conexão significativa no tempo que lhes resta”, disse Hui.