OMS vê aumento no uso “problemático” de mídias sociais por adolescentes europeus

A Organização Mundial da Saúde alertou na quarta-feira sobre um “aumento acentuado no uso problemático das mídias sociais” entre os adolescentes europeus, o que, segundo ela, está prejudicando sua saúde mental.

A filial europeia do órgão de saúde também alertou que mais de um em cada 10 adolescentes corre “risco de jogo problemático”.

O uso problemático é definido como quando os jovens apresentam “sintomas semelhantes aos de dependência”, afirmou a OMS Europa.

“Está claro que precisamos de uma ação imediata e sustentada para ajudar os adolescentes a reverter o uso potencialmente prejudicial das mídias sociais, que comprovadamente leva à depressão, bullying, ansiedade e baixo desempenho acadêmico”, disse o diretor da OMS Europa, Hans Kluge, em um comunicado.

Os sintomas semelhantes aos da dependência incluem a incapacidade de controlar o uso, negligenciar outras atividades em favor das mídias sociais ou ver consequências negativas na vida cotidiana como resultado do uso excessivo.

A região europeia da OMS compreende 53 países e inclui a Ásia Central.

Em 2022, 11% dos adolescentes (13% das meninas e nove por cento dos meninos) mostraram sinais de uso problemático das redes sociais, em comparação com apenas sete por cento quatro anos antes, disse a agência de saúde.

Ele citou dados de 280.000 pessoas com idades entre 11, 13 e 15 anos de 44 países da Europa, Ásia Central e Canadá.

O fenômeno foi mais prevalente entre adolescentes romenas de 13 e 15 anos, com 28% afetadas, e menos prevalente entre adolescentes holandeses, onde apenas 3% notaram tais sintomas.

Um terço dos adolescentes joga online diariamente, e 22% deles por pelo menos quatro horas, de acordo com a OMS.

Doze por cento de toda a coorte também estavam em risco de jogo problemático. Os mais afetados eram meninos: 16 por cento, em comparação com sete por cento das meninas.

“É crucial que tomemos medidas para proteger os jovens para que naveguem no cenário digital com segurança e os equipemos para fazer escolhas informadas sobre suas atividades online”, disse Natasha Azzopardi-Muscat, Diretora de Políticas e Sistemas de Saúde Nacionais da OMS Europa, em um comunicado.

Ao mesmo tempo, a agência da ONU enfatizou que as mídias sociais também trouxeram benefícios.

Entre os jovens, 36% — e 44% das meninas de 15 anos — relatam estar em contato digital constante com seus amigos.

Os jovens “devem dominar as mídias sociais, e não deixar que elas os dominem”, disse Azzopardi-Muscat.

A OMS Europa apelou às autoridades nacionais para que invistam na incorporação da alfabetização digital nas escolas, na melhoria dos serviços de saúde mental, bem como na formação de professores e prestadores de cuidados de saúde, ao mesmo tempo que reforçam a responsabilização dos fornecedores de redes sociais.

© 2024 AFP