Conflito e clima ameaçam luta contra doenças: Fundo

As mudanças climáticas e os conflitos estão ameaçando o progresso na luta contra doenças infecciosas como AIDS, tuberculose e malária, alertou na quinta-feira um grupo dedicado à erradicação dessas doenças.

O mundo conseguiu ignorar os efeitos nocivos da pandemia da COVID-19 nos esforços para combater outras doenças, disse o Fundo Global, sediado em Genebra.

Mas ainda enfrentava “crises como mudanças climáticas, conflitos e turbulências políticas, erosão dos direitos humanos e ataques à igualdade de gênero, resistência antimicrobiana e crescente dívida e problemas econômicos”.

Isso “coloca as pessoas mais pobres e marginalizadas em maior risco de doenças infecciosas”, afirmou o fundo em seu relatório anual.

O Fundo Global injetou mais de cinco bilhões de dólares em 2023 na batalha contra a AIDS, tuberculose e malária, doenças que matam centenas de milhares de pessoas todos os anos e afetam milhões de outras.

Houve progresso significativo na luta contra a malária, com doses de vacina disponíveis para combater a doença.

Mas das três principais doenças visadas pelo fundo, esta é a mais afetada pelas mudanças climáticas.

Mais mosquitos

Em 2023, o fundo distribuiu 227 milhões de mosquiteiros e tratou 171 milhões de casos de malária.

Mas o aumento das temperaturas e as inundações severas permitem que os mosquitos cheguem a regiões onde antes era muito frio ou muito seco e se multipliquem.

A malária mata mais de 600.000 pessoas todos os anos, 95% delas na África, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Na África, crianças menores de cinco anos são responsáveis ​​por quase 80% das mortes.

Os conflitos que estão destruindo as áreas onde a malária é endêmica também estão dificultando a luta contra a doença, disse o diretor executivo do fundo, Peter Sands.

Isso é agravado pela resistência a certos inseticidas e tratamentos e pela queda nas quantidades disponíveis por cabeça para combater o flagelo transmitido por mosquitos.

Para todas as três doenças prioritárias do fundo, “as mudanças climáticas representam uma ameaça profunda e crescente”, enquanto Sands argumentou que “os migrantes climáticos são especialmente vulneráveis” à tuberculose.

Enquanto isso, conflitos generalizados “do Sudão à Ucrânia, do Oriente Médio ao Sahel” afetaram os cuidados de saúde com “consequências devastadoras para as comunidades mais pobres e vulneráveis”, disse o fundo.

© 2024 AFP