Como se transmite a febre hemorrágica da Crimeia-Congo (que é influenciada pelas alterações climáticas)
O que é esta doença?
A febre hemorrágica da Crimeia-Congo é uma doença viral infectocontagiosa causada por um vírus presente nas espécies Hyalomma lusitanicum e Hyalomma marginatum. Tal como explica Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, trata-se de uma “zoonose que apanha pessoas com contacto próximo com animais e zonas vegetativas onde existam carraças e outros agentes do género”.
Em que zonas do mundo é mais comum?
É comum sobretudo em países africanos, asiáticos e do Médio Oriente, no entanto, adianta o médico especialista em Saúde Pública, esta doença “tem vindo a deixar de estar circunscrita a zonas tropicais”, uma vez que “as alterações climáticas permitem que as carraças se espalhem e instalem em muitas mais áreas” do mundo.
Como se transmite?
A principal forma de transmissão dá-se através da picada de carraças do género Hyalomma. No entanto, é também possível a transmissão entre pessoas quando há “um contacto próximo de uma pessoa saudável com sangue ou parte do corpo infetada”.
Qual o período de incubação?
Segundo o site Pedipedia, uma enciclopédia criada por vários médicos portugueses, “o período que decorre entre o contacto com os agentes infetantes e o aparecimento dos primeiros sintomas é de três a 12 dias”.
Quais os sintomas?
São “inespecíficos”, como diz Tato Borges. Inclui febre, dor muscular, cansaço e dor de cabeça, sintomas que tendem a aparecer numa primeira fase da doença. Depois, dão-se as “hemorragias mais características”, sendo que algumas podem ser fatais. No entanto, o médico diz que a maioria das pessoas (cerca de 70%) que necessitam de internamento sobrevive.
Qual o tratamento?
O controlo da febre é o procedimento mais comum, podendo, em alguns casos, ser necessário internar o paciente e adaptar o tratamento à gravidade dos sintomas e da hemorragia. Por norma, o paciente fica curado em 20 dias.
Há grupos de risco?
Sim. Uma vez que a carraça que transporta o vírus se movimenta em animais como cabras e javalis, são “particularmente vulneráveis as pessoas que têm atividade no campo da pecuária – criadores de gado, trabalhadores de matadouros e veterinários”, lê-se no Pedipedia.
Há casos em Portugal?
Até ao momento foi confirmado um caso que resultou na morte da pessoa infetada. Em comunicado, a Direção-Geral da Saúde assegura que “não há risco de surto nem de transmissão de pessoa para pessoa, evidenciando que se trata de um caso raro e esporádico”. E avança que estão a ser recolhidas carraças.
O vírus foi detetado em carraças em Portugal?
Ainda segundo a DGS, o vírus causador desta doença “não foi detetado, até agora, em carraças na rede de vigilância entomológica REVIVE, o que indica que o risco para a população é reduzido”. Gustavo Tato Borges diz que todas as pessoas próximas do caso confirmado em território nacional foram estudadas e “não foram identificados sintomas”, descartando, por isso, o risco de haver um surto. “É um caso isolado.”
Que cuidados se deve ter?
Gustavo Tato Borges aconselha “calma mas vigilância”. O médico diz que quem “caminha em zonas com muita vegetação” deve optar por “usar roupas claras e largas” e “evitar o contacto com a vegetação”. É ainda importante, continua, “fazer uma inspeção do corpo para remover alguma carraça ou ver se temos alguma picada”.
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