Medicamentos à base de canábis vão chegar a mais doentes
A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) aprovou este mês três autorizações de colocação no mercado de preparações à base de canábis para fins medicinais, passando a existir quatro produtos farmacêuticos à venda em Portugal.
Para a presidente da OPCM, Carla Dias, a aprovação destes medicamentos foi “um avanço extremamente importante” pelo qual o observatório “tanto lutou”. “Só tínhamos uma única preparação e agora temos mais três, com concentrações diferentes, com canabinoides diferentes da primeira, e com vias de administração diferentes”, disse Carla Dias, que falava à agência Lusa a propósito da 3.ª Conferência Nacional de Canábis Medicinal que se realiza no sábado na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
A presidente explicou que a via de administração do primeiro medicamento é por vaporização, havendo doentes, como os que estão em cuidados paliativos, que não podiam usufruir desta terapêutica, o que vai deixar de acontecer com as novas preparações. “Há uma das formulações que continua a ser por vaporização e depois temos duas soluções orais que permitem uma dosagem do medicamento diferente e também podem ser administradas a doentes que tenham condições diferentes”, salientou.
Por outro lado, disse que o facto de terem na sua composição outros canabinoides que não o THC (tetrahidrocanabinol) também vai permitir chegar outro tipo de doentes. “Agora vamos conseguir ajudar muitos doentes, [mas], para isso, precisamos essencialmente que os nossos médicos estejam informados sobre esta terapêutica, sobre estes novos medicamentos, e de que forma podem vir a ajudar alguns dos seus doentes”, defendeu.
Questionado se os médicos estão a prescrever mais esta terapêutica, Carla Dias afirmou que sim, tendo em conta o número crescente de médicos que têm vindo a participar nas conferências do OPCM. “Desde a primeira conferência até agora, conseguimos perceber que esse preconceito que existia, e que de facto ainda existe, vai-se desvanecendo”, afirmou, observando que estão inscritos no congresso 350 médicos, enfermeiros e farmacêuticos.
Quanto à comparticipação destes produtos, referiu que o único que está à venda não é comparticipado, mas disse acreditar que seja mais fácil solicitar a sua comparticipação quando houver mais medicamentos no mercado. “É a própria empresa quando faz a submissão do valor que faz também esse pedido [de comparticipação] e nós, enquanto observatório, também o vamos fazer”, avançou.
Carla Dias contou que todos os dias chegam ao OPCM pedidos de esclarecimento de pessoas sobre os benefícios destes medicamentos e se há médicos que podem ajudar, porque a medicação convencional não está a funcionar.
Na conferência irá participar o Infarmed, uma presença realçada por Carla Dias: “É importante também para os participantes terem noção daquilo que é feito em termos da regulamentação e das empresas que estão a ser licenciadas e dos medicamentos que estão a ser aprovados”.
Também será debatida a qualidade e segurança dos produtos medicinais à base da planta canábis e as novas preparações, entre outros temas. “Vamos ter palestras que estão muito focadas na informação sobre diferentes canabinoides, diferentes medicamentos, para preparar os médicos para a prescrição”, rematou Carla Dias.
LUSA
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