Emoções no conflito: é melhor nem ir por aí!
Tiago Casaleiro, consultor da nobox e enfermeiro especialista em enfermagem de saúde mental e psiquiátrica
Deparamo-nos diariamente com conflitos nos nossos contextos de trabalho, uns mais intensos do que outros. Da resolução de um problema informático, à falta de stock de material, mas também conflitos sobre decisões sobre tratamentos ou cuidados. À medida que vamos passando por diferentes conflitos, vamos tentando encontrar respostas que nos ajudem a analisar o problema e a procurar novas abordagens perante os conflitos.
Podemos ler muito sobre o tema, saber todas as teorias, mas no momento do conflito parece que tudo isso se escapa entre os dedos e as emoções tomam o controlo.
No fundo, começa o conflito e nós perdemos a capacidade de implementar aquilo que aprendemos ou tínhamos pensado anteriormente.
Reagimos automaticamente, tal como reagem outros seres vivos perante a ameaça de um outro animal predador, ou seja, perante a perceção de risco.
Esta reação surge pelo sistema nervoso autónomo presente nos animais vertebrados que os prepara para a sobrevivência perante uma situação ameaçadora, podendo levar a diferentes reações: luta, fuga ou congelamento.
Mas por que motivo falamos de animais vertebrados? É que a nossa resposta não difere assim tanto, embora o contexto seja diferente. Perante a perceção de ameaças, os comportamentos também surgem de forma inconsciente e é aí que tudo pode escapar entre os dedos numa situação de maior stress, com uma resposta que nem sempre é a que queríamos naquele momento.
Navegar pelas respostas do corpo ao stress pode parecer um verdadeiro labirinto, mas compreender os instintos fundamentais de luta, fuga, congelamento e necessidade de agradar pode ser o primeiro passo para uma gestão eficaz do conflito em contextos de saúde. Estes padrões enraizados no sistema nervoso autónomo remontam aos nossos antepassados, que enfrentavam ameaças, como animais perigosos. Hoje em dia, identificar e compreender estas respostas instintivas e as ameaças que as despoletam pode ser crucial para uma gestão de conflitos mais consciente.
Difícil? Um pouco! Mas certamente a melhor forma de rumar a contextos de saúde mais felizes e com conflitos mais saudáveis.
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