ONG polaca denuncia falta de educação sexual à medida que aumentam os casos de VIH

Uma ONG polaca criticou na sexta-feira o governo por restringir a educação sexual, num momento em que o país devoto católico enfrenta um aumento nos casos de VIH.

Este ano, o Instituto de Saúde Pública da Polónia (NIZP) registou quase 2.600 novos casos até meados de Novembro.

Isto marca um aumento considerável em relação à década de 2010, quando o número de novos casos a cada ano variava entre cerca de 1.000 e 1.600.

“Tivemos significativamente menos educação sexual nos últimos oito anos. O governo era pró-católico e impulsionou a educação nessa direção”, disse Magdalena Ankiersztejn-Bartczak, que dirige a ONG Fundação para a Educação Social, à AFP na sexta-feira, o que coincidiu com com o Dia Mundial da Aids.

A educação sexual não é uma parte obrigatória dos currículos escolares na Polónia e tende a ser abordada apenas brevemente.

O assunto tem sido negligenciado e até criticado pelos governantes conservadores que chegaram ao poder em 2015.

“As ONG que oferecem educação sexual aos jovens têm sido progressivamente expulsas das escolas”, disse Ankiersztejn-Bartczak à AFP no início desta semana.

Ela sublinhou a importância da educação sexual no combate ao VIH, que é transmitido principalmente através do contacto sexual.

Embora “sabemos sobre os meios de transmissão há 40 anos, estamos a assistir a um aumento de novos casos na Polónia, enquanto há uma queda na Europa Ocidental”, disse ela.

Os números reais podem ser muito mais elevados, já que muitos casos passam despercebidos e não são notificados.

O Centro Nacional de SIDA estima que apenas 10 por cento dos adultos polacos foram testados e que pelo menos 30 por cento daqueles que são seropositivos não têm conhecimento da sua infecção.

“Oitenta e sete por cento dos polacos acreditam que o vírus não os preocupa”, disse Ankiersztejn-Bartczak.

Ela estimou que mais de metade dos casos do país são diagnosticados tardiamente, nomeadamente devido a falhas na prevenção.

O Centro Nacional de SIDA afirma, no entanto, que o aumento de novos casos é, em parte, resultado da recuperação após a pandemia.

“Muitos casos de 2021-2022 só foram registados este ano porque os centros de saúde ficaram sobrecarregados durante a COVID”, disse recentemente Maryla Rogalewicz do Centro.

Ela também disse que as estatísticas foram afectadas pela chegada de centenas de milhares de refugiados da Ucrânia – onde o VIH é um enorme problema – após a invasão da Rússia no ano passado.

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