Sindepor decidiu manter greve de enfermeiros devido a falta de abertura do Governo
O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) decidiu hoje manter a greve ao trabalho extraordinário, devido à falta de abertura do Governo para negociar, disse à agência Lusa fonte dos representantes dos trabalhadores.
“Nós compreendemos a atual situação do Governo e estaríamos dispostos a parar a greve se nos dessem um sinal de abertura ao diálogo”, disse Fernando Fernandes, vice-presidente do Sindepor.
Este dirigente sindical assegurou que a greve vai continuar enquanto o executivo, ao contrário do que aconteceu com outros sindicatos, continuar sem ouvir estes trabalhadores.
Fernando Fernandes afirmou “não compreender esta discrepância” em relação a alguns sindicatos, compreendendo que a queda do Governo poderia levar a uma suspensão da greve.
Os enfermeiros iniciaram em 03 de novembro uma greve ao trabalho extraordinário, convocada pelo Sindepor, para exigir a correção de desigualdades na carreira, protesto que se deveria prolongar até ao final do ano.
Entre as reivindicações associadas à greve, o Sindepor pede a integração imediata nos quadros de todos os enfermeiros com contratos de trabalho válidos e o cumprimento das chamadas “dotações seguras”, através da admissão imediata de enfermeiros, bem como “a consagração efetiva da autonomia das instituições para contratarem”.
Os enfermeiros reclamam também a concretização da regularização e da abertura de concursos para todas as categorias, nomeadamente enfermeiro, enfermeiro especialista e enfermeiro gestor, assim como para as funções de direção, “aliada à justa aplicação legal da contagem de pontos a todos os enfermeiros para efeitos de progressão na carreira”.
O objetivo do sindicato é discutir estes pontos com o Ministério da Saúde, num processo negocial para uma carreira de enfermagem “aplicável de igual forma, que valorize a profissão, corrija desigualdades, injustiças e as discriminações atuais”.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses desconvocou na quinta-feira uma greve que deveria ter início na sexta-feira por considerar que o motivo da paralisação, que pretendia pressionar o Governo a negociar soluções para estes profissionais, deixou de fazer sentido pois o executivo está “em funções de gestão”.
O Sindicato Nacional dos Enfermeiros (SNE) anunciou na quarta-feira que vai manter a greve nacional e às horas extraordinárias, justificando que os problemas dos enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde (SNS) subsistem depois da demissão do primeiro-ministro.
Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público (MP) no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
O MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação, que contém várias outras referências a António Costa.
No dia da demissão, Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.
LUSA/HN
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