Profissionais de saúde apelam a tomada de posição das ordens portuguesas sobre a crise humanitária na Faixa de Gaza
Um grupo de profissionais saúde de diferentes setores lançaram hoje uma carta aberta onde apelam a uma tomada de posição “urgente e imprescindível” das diferentes ordens portuguesas sobre a crise humanitária na Faixa de Gaza
Mais de uma centena de profissionais de saúde, “chocados com a crescente catástrofe humanitária e ataques levados a cabo pelo estado de Israel na Faixa de Gaza, que já resultaram na morte de mais de 220 colegas de profissão e mais de 14 mil civis”, enviaram hoje uma carta aberta a exigir uma tomada de posição das várias ordens profissionais de saúde, refere um comunicado.
Luísa Russo, uma das subscritoras, adiantou à Lusa, que a carta surgiu de um grupo de profissionais de saúde ativistas no Coletivo pela Libertação da Palestina e no coletivo Humans Before Borders, sendo que alguns já estiveram na Palestina ou em Gaza.
“O nosso principal objetivo é que as ordens profissionais de saúde tomem uma posição em relação ao que se passa, porque não conseguimos ficar indiferentes ao facto de nesta guerra que está a acontecer em Gaza, os profissionais de saúde e os hospitais estarem a ser alvos”, sublinhou Luísa Russo.
Segundo esta profissional, a carta foi hoje enviada às ordens e respetivos bastonários dos Médicos, dos Enfermeiros, dos Psicólogos, dos Nutricionistas, dos Médicos Dentistas, dos Farmacêuticos e dos Fisioterapeutas a pedir para “condenar esta violência, que não atinge só o povo palestiniano”, mas também “profissionais de saúde, mesmo de outras nacionalidades”.
Condenar os ataques sistemáticos aos hospitais, aos centros de saúde e às ambulâncias é outro dos apelos deste grupo, assim como exigir um cessar-fogo sem restrições, imediato e definitivo, “para que possa haver ajuda humanitária, de facto, em Gaza”.
Luísa Russo admitiu que a carta também pretende ser “uma pressão política junto do Ministério da Saúde para que a defesa dos direitos dos profissionais de saúde que estão em Gaza seja assegurada” e que sejam “reconhecidos os crimes de guerra que estão a ser cometidos em relação aos hospitais e aos profissionais de saúde”.
Declarar “solidariedade e um apoio aos colegas que estão em Gaza” é outro dos propósitos.
“Foi do contacto que temos com as pessoas de lá, com o facto de estarem a ser mobilizados vários sindicatos a nível Internacional para que tomem uma posição, que entendemos que os profissionais de saúde em Portugal também poderiam e deveriam tomar uma posição”, explicou ainda.
No comunicado enviado, os profissionais de saúde adiantam que “até ao momento, foram assassinadas, pelo estado de Israel, mais de 14 mil pessoas, das quais 5.600 (40%) são crianças”.
“A estas vítimas, somam-se as mais de 33 mil pessoas feridas, não contabilizando as mais de seis mil pessoas ainda desaparecidas nos escombros dos edifícios destruídos. Isto significa que, a cada dia, são mortas ou feridas cerca de 420 crianças, algumas destas com apenas alguns meses de vida”, lê-se ainda na missiva.
Os profissionais de saúde realçam que os ataques intencionais e sistemáticos a infraestruturas civis já obrigaram à deslocação forçada de 1,7 milhões de pessoas. “Os alvos incluem campos de refugiados, escolas, abrigos, hospitais e ambulâncias”, refere a nota.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), refere a carta, o estado de Israel já atacou, à data da redação desta carta, 164 infraestruturas médicas e foram mortos mais de 220 profissionais de saúde em Gaza. “Cerca de 70% dos centros de saúde e 26 dos 35 hospitais estão, atualmente, fora de serviço devido à destruição das infraestruturas, à insegurança, falta de combustível, eletricidade, água, alimentos e medicamentos.”
Afirmando que os “profissionais de saúde estão a trabalhar em condições hediondas”, consideram que “atacar, deliberadamente, hospitais é um crime de guerra perfeitamente tipificado na legislação internacional”.
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