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Enfermeiros protestam contra fecho de serviços no hospital de Chaves

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Enfermeiros concentraram-se hoje em frente ao hospital de Chaves, no distrito de Vila Real, para alertar para as dificuldades provocadas pelo encerramento do serviço de pediatria e urgências pediátrica e ortopédica para os utentes e profissionais de saúde.

O Sindicado dos Enfermeiros Portugueses (SEP) desconvocou a greve nacional marcada para hoje, mas manteve a concentração convocada para alertar para o encerramento, durante o mês de novembro, de serviços no hospital de Chaves, inserido no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), com sede social em Vila Real, e o que tem sido mais afetado, na região, pela escusa dos médicos às horas extra.

“Trabalhava no serviço de pediatria até há uma semana. Fomos apanhados de surpresa pelo encerramento do serviço e, por mais indignação que tenhamos, preocupação e muita tristeza, não pensamos só em nós, porque trabalhamos há imensos anos neste serviço, pensamos nas nossas crianças que se vão sentir desamparadas, desprotegidas e sem apoio pediátrico, quer médico, quer de enfermagem”, afirmou Felicidade Esteves.

Afeta ao serviço de pediatria, esta enfermeira foi mobilizada para um serviço de adulto, mas outros colegas, segundo disse, foram deslocados para Vila Real.

Felicidade Esteves espera que o encerramento deste serviço em Chaves “seja temporário”, mas admitiu que podem “estar a tapar o sol com a peneira”.

“Queremos muito que nos tragam de volta a pediatria porque as nossas crianças precisam e merecem”, frisou, explicando que os utentes em idade pediátrica que precisem de internamento têm de ir para o hospital de Vila Real.

O internamento do serviço de pediatria fechou em consequência da indisponibilidade da urgência pediátrica durante todo o mês de novembro no hospital de Chaves. Mantêm-se a funcionar as consultas, exames e hospital de dia de pediatria.

A agência Lusa tentou falar com o CHTMAD, o que não foi possível até ao momento.

Francisco Alves é enfermeiro na urgência e realçou que o protesto de hoje é contra o fecho de serviços em Chaves, uma situação que classificou como “inadmissível” e coloca em risco os “cuidados prestados à população”.

“Estamos a falar da urgência que era médico-cirúrgica e vai deixar de ser, caso nos continuem a tirar os serviços quer de ortopedia, quer de cirurgia. Para não falar do serviço de pediatria, que fechou agora e que não sei se vai reabrir. Os colegas estão muito indignados e preocupados”, afirmou.

Francisco Alves frisou que a “população do Interior tem que ter os mesmos direitos dos que vivem no Litoral”.

“Sei que as ambulâncias que prestam socorro aqui na região estão a ser encaminhadas para o Porto com os doentes de ortopedia. É que Vila Real também não tem ortopedia neste momento. Isto é muito mau, a população que pense nisto e os políticos que pensem nisto”, referiu, destacando a “instabilidade” na vida profissional e particular” que os enfermeiros estão a sentir.

Apontou ainda que Chaves dista de Vila Real cerca de 70 quilómetros e 150 do Porto, mas Montalegre está a mais de 200 quilómetros de distância.

Alfredo Gomes, dirigente do SEP, explicou que a greve foi suspensa devido à crise política originada pela demissão do primeiro-ministro, mas que foi decidido manter a concentração em Chaves porque os enfermeiros “não podiam ficar quietos” perante o encerramento de serviços neste território do “Interior profundo”.

“O hospital de Vila Real também já está superlotado e se continuamos a transportar para lá mais utentes, o problema vai-se transportar daqui para Vila Real”, realçou.

Alfredo Gomes não quis falar sobre a luta das outras classes, designadamente dos médicos que se estão a recusar em fazer mais horas extraordinárias para lá das 150 obrigatórias por lei, mas lembrou que o Governo está em plenas funções até dezembro e que o Orçamento do Estado vai ser aprovado.

“E nós vemos no orçamento questões que não são vantajosas para manter estes serviços abertos, nomeadamente a contratação de pessoal”, defendeu.

LUSA/HN

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