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EUA confrontam mitos da ‘reversão’ do aborto

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A desinformação é a última frente na batalha em curso sobre os direitos reprodutivos nos Estados Unidos

A desinformação é a última frente na batalha em curso sobre os direitos reprodutivos nos Estados Unidos.

Arrasada pela culpa depois de tomar uma pílula abortiva, uma mulher soluçante liga para uma linha direta nos EUA. Ele recomenda um tratamento de “reversão” para salvar o feto – apesar das advertências médicas de que é potencialmente fatal.

A desinformação sobre a interrupção médica parece ter disparado desde junho passado, quando a Suprema Corte anulou a histórica decisão Roe v. Wade de 1973, que garantia o direito constitucional ao aborto.

Isso inclui postagens falsas “pró-vida” nas mídias sociais, alegando que as pílulas abortivas causam câncer e infertilidade – bem como conteúdo “pró-escolha” que promove tratamentos duvidosos com ervas para interromper a gravidez.

Mais impressionante, dizem os pesquisadores, é uma onda de conteúdo enganoso que promove um tratamento não científico que promete desfazer os efeitos da primeira pílula, a mifepristona, no regime de duas drogas para o aborto medicinal.

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Os defensores do aborto nos Estados Unidos anunciaram o chamado tratamento de “reversão” – que envolve tomar o hormônio progesterona – para mulheres que mudam de ideia depois de tomar mifepristona.

“A reversão da pílula abortiva pode ajudar a voltar no tempo”, diz o site da Abortion Pill Rescue Network (APRN), uma organização pró-vida que apóia o tratamento.

“Quando vozes destrutivas diziam apenas ‘está feito’, a reversão da pílula abortiva diz ‘aqui está uma segunda chance na vida, bem na hora’.”

O site da APRN lista “histórias de sucesso” anedóticas – testemunhos emocionais de mulheres que optaram pelo tratamento. Algumas, incluindo uma mãe solteira identificada como Shashana, desmoronaram depois de tomar a primeira pílula, consumidas pelo arrependimento.

Ela entrou em contato com a linha direta da APRN, que a iniciou no procedimento de “reversão” que seu testemunho escrito diz ter salvado seu feto.

O que não é mencionado é o alerta do Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG), uma associação de especialistas em saúde reprodutiva, que chama o tratamento de “não comprovado”, “antiético” e “não baseado na ciência”.

Também foi omitido um ensaio médico de 2019 realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Davis, para testar a eficácia do tratamento de “reversão”. O estudo teve que ser interrompido prematuramente depois que alguns participantes sofreram hemorragia interna grave.

‘Potencial para prejudicar’

“As ‘histórias de sucesso’ anedóticas geralmente falham em reconhecer que não há evidências médicas confiáveis ​​de que tomar progesterona para reverter os efeitos do mifepristona aumenta a probabilidade de uma gravidez continuar”, disse Anicka Slachta, analista sênior do cão de guarda NewsGuard, à AFP.

“Em última análise, omitir esse contexto e apresentar a ‘reversão’ da pílula abortiva como definitivamente segura e eficaz tem o potencial de causar danos.”

Quando a AFP solicitou que a APRN fornecesse dados de apoio e entrevistas com as mulheres citadas nas “histórias de sucesso”, respondeu um publicitário do Heartbeat International, um grupo antiaborto que apóia a rede.

Ela perguntou o que o artigo da AFP pretendia destacar, mas parou de responder depois disso.

Quando uma pesquisadora de desinformação sobre saúde dos EUA entrou em contato com a linha direta da APRN se passando por uma mulher grávida, ela foi informada de que a rede havia salvado com sucesso 4.000 bebês por meio do tratamento de “reversão”.

A operadora da linha direta não revelou o número de casos sem sucesso, mas mencionou uma taxa de sucesso de 64% a 68%, uma estatística também citada no site da rede.

Quando o pesquisador – que compartilhou a gravação de áudio com a AFP – apontou que o ACOG não considerava o tratamento seguro, o operador descartou a organização como “muito pró-aborto”, uma postura que os torna “tendenciosos”.

A operadora fez uma oração para que ela “tomasse a decisão certa” – ou seja, não fizesse o aborto.

‘Autonomia corporal’

“O que ficou claro na ligação é que esse grupo se preocupa mais com a vida do bebê do que com a mãe, sem rodeios”, disse o pesquisador à AFP, pedindo anonimato por medo de assédio online.

“Isso ficou evidente na forma como eles se referiram ao feto, mas também pela omissão de quaisquer dados reais sobre os riscos.”

Em um relatório na semana passada, o Center for Countering Digital Hate (CCDH) disse que milhares de “falsas clínicas” nos Estados Unidos – que buscam impedir que pessoas “determinadas pelo aborto” tenham acesso a cuidados – gastaram coletivamente US$ 10,2 milhões em anúncios de pesquisa do Google os últimos dois anos.

Muitos deles, disse, promoveram o procedimento de reversão “potencialmente perigoso”.

A pesquisa da organização sem fins lucrativos de tecnologia Meedan Digital Health Lab mostra que nos meses após Roe v.

“Não é a ideia de alguém mudar de ideia por conta própria sobre fazer um aborto que é perigoso”, disse Jenna Sherman, gerente de programa da organização sem fins lucrativos, à AFP.

“Está promovendo uma intervenção não verificada e potencialmente ameaçadora à vida em um esforço para ser antiaborto antes de tudo, em vez de apoiar a autonomia corporal das pessoas”.

© 2023 AFP

Citação: ‘Não baseado na ciência’: os EUA confrontam os mitos da ‘reversão’ do aborto (2023, 20 de junho) recuperados em 20 de junho de 2023 em https://medicalxpress.com/news/2023-06-based-science-abortion-reversal-myths. html

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