Aumento constante de intoxicações por produtos vape entre crianças menores de 5 anos

O número de casos de intoxicações relacionadas a produtos vape relatados aos centros de controle de veneno da América dobrou entre 2018 e o início de 2023, segundo um novo relatório.

A maior parte desses casos ocorreu em crianças com menos de 5 anos.

“O público deve estar ciente de que os cigarros eletrônicos têm o potencial de causar exposição a envenenamento e são uma preocupação contínua de saúde pública”, alertou uma equipe de pesquisadores liderada por Nicole Tashakkori, do Centro de Produtos de Tabaco da Food and Drug Administration dos EUA.

Para evitar essas tragédias, “os usuários adultos de cigarros eletrônicos devem armazenar seus cigarros eletrônicos e líquidos com segurança para impedir o acesso de crianças pequenas”, escreveram eles.

De acordo com o National Capital Poison Center, a nicotina encontrada nos cigarros eletrônicos pode ser extremamente prejudicial se inalada ou ingerida por crianças pequenas.

“Envenenamento por nicotina geralmente causa náuseas, vômitos, tonturas, tremores [shakiness] e suor, e pode fazer o coração bater muito mais rápido do que o normal”, explicou o centro. “Envenenamento grave pode causar convulsões. Pode até causar a morte. As convulsões podem começar apenas 20 a 30 minutos após a ingestão de produtos que contenham nicotina.”

E outro novo relatório, divulgado na quinta-feira por pesquisadores dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, descobriu que as vendas de cigarros eletrônicos nos EUA continuam aumentando, de 15,5 milhões de unidades por mês em 2020 para quase 23 milhões de unidades em 2022.

Isso significa que muitos dispositivos vaping, recipientes de recarga e outras parafernálias são deixados espalhados pelos lares americanos, prontos para mãos pequenas pegarem e explorarem.

O novo relatório examinou os dados do National Poison Data System (NPDS) de abril de 2022 até o final de março de 2023.

Tashakkori e seus colegas descobriram mais de 7.000 casos relatados de exposição a envenenamento por produtos vaping durante esse período de 12 meses.

O número de exposições mensais aumentou 32% ao longo do ano – de 476 casos relatados em abril de 2022 para 630 em março de 2023.

Como a notificação ao NPDS é voluntária, “o número de casos provavelmente é subnotificado”, acrescentaram os pesquisadores.

Crianças muito pequenas constituíam a maior parte desses casos, disseram eles.

“Entre todas as exposições, 6.074 [87.8%] ocorreu entre crianças com menos de 5 anos”, disseram eles.

Felizmente, menos de 1% dos casos foram tão graves que as crianças precisaram de hospitalização. No entanto, pouco mais de 8% dos casos necessitaram de algum tipo de tratamento em uma unidade de saúde, segundo o relatório.

Apenas um caso foi fatal, uma suspeita de suicídio em que um paciente pediátrico teve uma overdose intencional de um produto vape, causando a morte.

Em quase dois terços (61%) de todos os casos de intoxicações relacionadas ao vape, a inalação ou ingestão nasal do produto estava envolvida, enquanto provar ou comer o produto estava envolvido em cerca de 40% dos casos.

Uma marca, especialmente, tinha maior probabilidade de estar ligada a um envenenamento. Entre os casos em que uma marca foi verificada, “a marca mais comumente relatada foi Elf Bar [60.8%], um cigarro eletrônico descartável disponível em vários sabores; os casos mensais envolvendo Elf Bar aumentaram de dois em abril de 2022 para 36 em março de 2023”, disse o grupo de Tashakkori.

E “mais de 90% das exposições à Elf Bar ocorreram entre crianças com menos de 5 anos”, acrescentaram.

Na verdade, “Elf Bar, para o qual as vendas nos Estados Unidos aumentaram recentemente, foi relatada com mais frequência do que todas as outras marcas relatadas juntas”, observaram os autores do relatório.

Os adultos devem sempre certificar-se de que qualquer produto vaping ou fumígeno seja mantido fora do alcance das crianças. De acordo com o National Capital Poison Center, isso envolve trancar os produtos em locais seguros.

“Isso inclui ‘suco de fumaça’ [e-liquids], cigarros, charutos, tabaco para cachimbo e tabaco de mascar – e cinzeiros sujos”, enfatizou o centro. “Lembre-se de que os recipientes usados ​​de “suco de fumaça” ainda podem conter nicotina. Embrulhe-os para que crianças e animais de estimação não possam retirá-los do lixo.”

O novo relatório foi publicado na edição de 23 de junho da revista CDC Relatório Semanal de Morbidade e Mortalidade.

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