Recomendada caução na prescrição de antibióticos a hipertensos
Uma equipa de investigadores sugeriu que os diferentes efeitos exercidos pelos antibióticos sobre a tensão arterial poderão ser devidos a variações genéticas e ao microbioma intestinal de cada paciente.
A conclusão foi retirada na sequência de um estudo baseado em ratazanas, que tinha como objetivo analisar o efeito do microbioma intestinal sobre a tensão arterial. O microbioma intestinal difere de pessoa para pessoa e está associado ao desenvolvimento da hipertensão.
Por isso, os investigadores explicaram que “as respostas hipertensivas individuais aos antibióticos poderão variar dependendo do hospedeiro e do seu microbioma”.
Os investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Toledo, Espanha, estudaram duas estirpes de ratazanas com tendência genética para a hipertensão, mas com diferentes microbioma intestinais. Uma das estirpes tinha tendência para desenvolver hipertensão devido ao consumo elevado de sal, enquanto a outra estirpe era espontaneamente hipertensa, sem relação com o consumo de sal.
Ambas as estirpes foram tratadas com antibióticos comuns: vancomicina (que trata a colite), minociclina (infeções urinárias, acne e algumas doenças sexualmente transmissíveis) e a neomicina (colesterol e ingrediente de pomadas, cremes medicinais e colírio).
Os resultados dos tratamentos causaram efeitos diferentes em ambas as estirpes, incluindo sobre a tensão arterial: a tensão arterial sistólica aumentou nos roedores hipertensos devido ao sal com a minociclina e a neomicina, mas não com a vancomicina. A minociclina fez ainda aumentar a tensão arterial diastólica naquelas ratazanas.
No grupo das ratazanas espontaneamente hipertensas tiveram uma redução na tensão arterial sistólica ou nenhuma alteração, com todos os antibióticos
Estes achados sugerem que a constituição genética desempenha um papel importante na forma como a tensão arterial é afetada pela toma de antibióticos e põe em causa a segurança do uso deste tipo de fármacos em pacientes com doenças modernas como a hipertensão.