IL ataca eleitorado da AD e questiona Pedro Nuno Santos se vai ser “oposição de bloqueio”

O desafio do dia da Iniciativa Liberal (IL) foi dirigido ao Partido Socialista. O presidente da IL questionou o secretário-geral do PS “se vai ser oposição de bloqueio”.

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Num jantar-comício em Leiria — um dos que juntou mais membros do partido — Rui Rocha estendeu uma passadeira de perguntas à procura de uma resposta dos socialistas, ao mesmo tempo que se posicionou como líder da oposição.

“Na oposição, o PS vai permitir que a Iniciativa Liberal acelere o país, ou vai ser uma oposição de bloqueio? Quando quisermos trazer mais casas, Pedro Nuno Santos vai colaborar ou ser bloqueio? Quando quisermos acelerar o acesso à saúde? Mudar o sistema eleitoral para que todos os votos contem?”, questionou.

O presidente da IL defendeu que, sendo claro ao dizer que “é um partido de governação”, também o PS “deve ser transparente e dizer se vai ser uma minoria de bloqueio”.

Num discurso confiante, Rui Rocha lançou ainda a rede ao eleitorado da AD. “Temos que dizer aos que estão desiludidos com a AD, que depositaram a confiança na AD, que queriam reformas e que a AD estivesse à altura das suas responsabilidades, que há um partido responsável, pela estabilidade e que traz reformas”, afirmou, referindo-se à Iniciativa Liberal.

O desejo de Leiria

A estratégia dos liberais ganhou agora um novo ponto: a procura de votos no eventual parceiro de Governo, do qual o partido insiste em distanciar-se. “Nós não queremos ser um PSD”, afirmou Rui Rocha.

A discursar num distrito onde o partido nunca elegeu, o presidente dos liberais foi claro ao dizer que Leiria é um dos objetivos destas eleições legislativas. “Desta vez, em Leiria, é liberal!”, gritou.

O objetivo de eleger em Leiria pode ser notado desde logo pela escolha do número um da lista — André Abrantes Amaral — que chegou a ser deputado durante um mês, recentemente, no Parlamento.

À tarde, durante a visita a uma empresa que produz peças para automóveis e satélites, o presidente da Iniciativa Liberal confirmou que “Leiria é uma forte aposta da Iniciativa Liberal”.

No entanto, Rui Rocha continuou sem querer dar um número concreto de deputados que gostaria de eleger no domingo, a nível nacional.

Em declarações aos jornalistas, ironizou dizendo que espera pelo que vão dizer os líderes do PS e da AD. “Estou à espera que Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro fixem objetivos para eu também fixar”, disse.

Crescer até onde?

O presidente da Iniciativa Liberal repete que quer apenas “crescer”, mas, questionado sobre o que pode acontecer no caso de conseguir um resultado igual ou pior ao do ano passado, indicou que “não coloca esse cenário” — evitando falar sobre o seu futuro no partido.

Ainda com a possibilidade de um resultado desfavorável em cima da mesa, Rui Rocha garantiu que “não se arrependerá em nenhum cenário” de não ter ido em coligação com a AD às eleições.

O presidente da IL considerou que o partido “fez o que estava certo” ao decidir ir sozinho a votos.

Mesmo numa campanha mais solitária, a AD não é esquecida pelos liberais, que esta quarta-feira acusaram a Aliança Democrática de “não trazer estabilidade”. É a continuação do jogo de palavras entre PSD e IL.

Já tendo demonstrado a vontade de fazer parte de um Governo com o PSD, a Iniciativa Liberal afirma que está disponível para um entendimento, mas “não a qualquer preço”.

Rui Rocha disse rejeitar um entendimento “para ficar tudo na mesma ou para empurrar os problemas com a barriga”.

Durante a manhã, numa visita ao mercado de Cascais, onde o partido era facilmente identificado por todos os que lá estavam — vendedores e clientes —, Rui Rocha defendeu que “é preciso mudar o comportamento da AD e puxá-la para o espírito reformista”.

Para um entendimento entre AD e IL, Rui Rocha continua sem limitar o número de linhas vermelhas.

Estratégias e negociações à parte, o presidente da Iniciativa Liberal confrontou-se esta quarta-feira com os problemas de habitação. Ainda no mercado de Cascais, entre o labirinto das bancas de fruta e legumes, Rui Rocha encontrou um vendedor de meias que vivia numa rulote, sem casa de banho nem água canalizada.

Em resposta, Rui Rocha apontou que o “Estado está a falhar” e destacou as medidas defendidas pelo partido para o sector, como a baixa de impostos para a construção e a colocação no mercado do mobiliário do Estado que não está a ser utilizado. “O Estado não pode ter uma crise na habitação e ter um conjunto de edifícios abandonados”, defendeu.

Agora na reta final até dia 18 de maio, a Iniciativa Liberal aposta no Porto e em Braga. Distritos que, no ano passado, elegeram três deputados: dois no Porto e Rui Rocha por Braga.