
Portugal é o primeiro país a sequenciar genoma do vírus Monkeypox
Uma equipa de investigadores do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) foi a primeira a identificar a sequência genética do vírus Monkeypox, atualmente em circulação em vários países. A descoberta poderá ser fundamental para compreender a origem do surto e as causas para a rápida disseminação da doença.
Alguns dias após a confirmação dos primeiros casos de infeção humana por vírus Monkeypox em Portugal, especialistas do Núcleo de Genómica e Bioinformática do INSA identificaram a sequência genética deste vírus e partilharam-na com a comunidade científica internacional, o que poderá contribuir para uma mais rápida e efetiva compreensão deste fenómeno, segundo o comunicado enviado aos jornalistas.
De acordo com o responsável do Núcleo de Genómica e Bioinformática do Departamento de Doenças Infeciosas do INSA, João Paulo Gomes, “a rápida identificação da sequência genética do vírus em circulação, e a sua imediata divulgação à comunidade científica, constitui um primeiro passo de colaboração internacional para a caracterização deste surto”.
“A comparação das sequências genéticas do vírus Monkeypox obtidas nos vários países poderá ser fundamental para a compreensão da origem do surto, bem como da forma como se deu rapidamente a disseminação da doença”, sublinha o investigador do INSA, acrescentando que “uma boa caracterização deste tipo de surtos permite “retirar ensinamentos que podem ser-nos úteis para a adoção de medidas de saúde pública com vista a uma melhor monitorização e controlo do problema”.
Os esforços dos especialistas do INSA tinham já permitido a Portugal ser dos primeiros países a confirmar laboratorialmente casos suspeitos desta doença, tendo o rápido diagnóstico sido efetuado através das metodologias já implementadas na Unidade de Biopreparação e Resposta a Emergências do Departamento de Doenças Infeciosas. Durante o mês de maio, têm sido reportados largas dezenas de casos em múltiplos países, como Portugal, Reino Unido, Espanha, Suécia, Bélgica e Estados Unidos da América, ainda com origem desconhecida. Portugal contava, até dia 23, com um total de 37 casos confirmados laboratorialmente.
Trata-se de uma doença zoonótica, em que roedores e primatas não humanos podem ser portadores do vírus e infetar pessoas. Foi identificada pela primeira vez em 1958, aquando da ocorrência de dois surtos, em macacos mantidos em cativeiro para fins de investigação.
Mais tarde, em 1970, foi identificada em humanos na República Democrática do Congo. A Monkeypox é uma doença endémica em alguns países da África Central e Ocidental, sendo raramente relatada fora da África. O vírus é transmitido de uma pessoa para outra por contacto próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda aos indivíduos que apresentem lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, a procura de aconselhamento clínico. Perante sintomas suspeitos, o indivíduo deverá abster-se de contactos físicos diretos. A abordagem clínica não requer tratamento específico, sendo a doença habitualmente autolimitada em semanas.
PR/HN/RA
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