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Problemas respiratórios, de mobilidade e cognitivos: A “nova vida” de um doente covid que passou pelos cuidados intensivos

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O ‘retrato-robô’ do ‘regresso à vida normal’ de um paciente internado em unidades de cuidados intensivos pela Covid-19 é o de “uma pessoa que terá grandes problemas de mobilidade no seu dia a dia e que provavelmente precisará de assistência 24 horas diárias; que possivelmente precisará de oxigénio crónico diário por um período de tempo – o que, por sua vez, limitará o tipo de atividade que pode fazer, já que provavelmente haverá fadiga persistente – e que, em muitos casos, será acompanhada por uma incapacidade cognitiva de poder fazer coisas rotineiras que gostava”, avança o jornal espanhol ‘El Mundo’.

Sara Alcántara, do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital Puerta de Hierro-Majadahonda, em Madrid, apontou ao diário do país vizinho as consequências que os pacientes com a Covid-19 internados enfrentam, dias ou meses depois, nos cuidados intensivos. E deu um exemplo: Sergio Casinelli, que completou 74 anos na Puerta de Hierro UCI – viveu 328 dias dos últimos 365 de 2021 nesta unidade a lutar contra uma doença que ameaçou a sua vida várias vezes desde o Natal de 2020. Agora, fora da UCI, “foi um ano quase apagado, desapareceu, como se tivesse saltado do Natal de 2020 para o Natal de 2021”. Se não fosse por todas as cicatrizes que o vírus deixou no seu corpo, era difícil de acreditar.

A permanência média dos pacientes afetados pelo Covid-19 na UCI costuma ser, “se vão bem”, diz Alcántara, em torno de 24 a 30 dias. Mas essa janela pode estender-se por meses, até chegar aos 328 dias de Sergio Casinelli, mas até por um ano.

Os pacientes apresentam três bloqueios : tipo respiratório, polineuropatias relacionadas à imobilidade e alterações cognitivas e dolorosas.

As sequelas respiratórias decorrem do facto de muitos pacientes que necessitam de respirador por muito tempo apresentarem processos como paralisia diafragmática ou problemas de trocas gasosas, entre outros, necessitando de ventilação mecânica não invasiva por muito tempo. “Após a alta, alguns necessitam de suporte respiratório na enfermaria, o que em muitos casos prolonga a alta hospitalar. Mas, além disso, muitos pacientes precisarão de algum tipo de suporte, como oxigénio domiciliar crónico e até respiradores, quando voltar para casa”, explicou Alcántara.

A polineuropatia, provocada pela imobilização, origina perda de força e fraqueza muscular generalizada que “torna o acometido tremendamente dependente. Em muitas ocasiões, não consegue andar, por isso precisam de muita terapia de reabilitação para poder voltar a um certa independência no seu dia a dia.”

A grande maioria dos pacientes submetidos aos cuidados apresenta problemas relacionados com a dor e com problemas cognitivos. Na verdade, esse é um dos aspetos que mais interessa aos profissionais – atualmente está sendo debatido e revisto – e é conhecido como ‘síndrome pós-UTI’.

“Muitos dos pacientes ficam com graves sequelas cognitivas; alguns não podem regressar à sua vida profissional porque sentem-se completamente incapazes de realizar atividades que antes eram simples para eles. ‘Não consigo ler, não consigo concentrar’ são algumas das frases mais repetidas. Tratar este aspeto é da maior importância para que acabem regressando à sua vida normal”, considerou Alcántara.

Além das medidas clínicas, existe um fator humano decisivo para evitar essa deterioração: a presença da família. “Para nós é imprescindível que esses pacientes sejam acompanhados o mais tempo possível por rostos familiares, por pessoas que os incentivem. É absolutamente importante evitar que apareça essa deterioração cognitiva. Porque, uma vez instalada, é preciso recorrer ao trabalho de fisioterapeutas, reabilitadores, psiquiatras, neurologistas: uma abordagem multidisciplinar dos profissionais para estimular estes cérebros”, completou a especialista.




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