
Jovens, cultura e saúde. O dia de campanha que fez lembrar o casamento de Raimundo
“Olha, é o Paulo Raimundo, do PCP”. A exclamação faz-se ouvir nos corredores da Escola António Arroio, em Lisboa. Foi aqui que começou o nono dia de campanha da CDU.
As câmaras e os microfones da comunicação ajudaram, certamente, ao entusiasmo entre os estudantes, mas não só.
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Várias dezenas de estudantes acompanharam a visita do líder do PCP e muitos pediram para tirar fotografias. Até houve um que pediu para fazer um vídeo para a avó “que ontem votou em si e hoje faz anos”.
“Como se chama a avó”, pergunta o candidato e grava de seguida: “Madalena, um beijinho e obrigado pela confiança”.
Raimundo embora contente, admite que “é tímido” e que fica “um bocado à rasca” nestas situações. “Mas é bom, muito bom”, assegura.
Foram tantos os pedidos de fotografias que Raimundo foi questionado quando tinha sido a última vez que tinha tirado tantas. “No meu casamento”, responde, largando uma gargalhada.
O ambiente é ligeiro e de boa disposição, mas Raimundo está na escola para apelar ao investimento na educação e naquela escola em particular, “em obras desde 2009, é inacreditável”.
Da escola para a Gare do Oriente, Raimundo foi assinalar o Dia do Enfermeiro. Junto à estação ferroviária, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses montou uma tenda para a população poder fazer alguns testes de saúde básicos – por exemplo, medir a tensão arterial ou o índice de glicemia.
Raimundo não fez os testes de avaliação, mas garantiu aos enfermeiros que a CDU está empenhada em lutar por melhores condições de trabalho para os enfermeiros. “Dar melhores condições de trabalho aos profissionais é cuidar de todos”, diz.
“Lute pelos pobres”
Entre os enfermeiros, o líder comunista é abordado por uma mulher que por ali passava a caminho do trabalho, no Parque da Nações.
“Lute pelos pobres”, apela a mulher, explicando de seguida que tem quatro filhos e que paga 600 euros pelo quarto onde vive. “Trabalho e não levo nada para casa”, queixa-se. Raimundo assegura que a CDU luta pelos mais desfavorecidos e a mulher parte, agradecendo e fazendo votos para que a coligação vença a 18 de maio.
O dia não fica por aqui. A caravana da CDU passou para a outra margem do Rio Tejo e foi até Almada.
Raimundo teve um encontro com 50 atores, músicos, escritores e outros agentes da cultura. Ouviu as dificuldades. Uma das vozes mais reconhecíveis foi da atriz Maria João Luís. “Disseram-me muitas vezes que esta não é uma profissão para ter filhos”, lamenta, e conta que a vida de artista é uns dias “ter comida na mesa e outros não”.
Durante quase duas horas, Raimundo ouviu os relatos e depois apresentou a ideia da CDU. Defende a criação de um Serviço Público de Cultura e quer 1% de PIB para o setor. Diz o líder comunista que o “Estado não tem que meter a mão em tudo”, mas a cultura é um dos setores em que devem meter, para garantir que continua a existir.
Neste que foi um dos dias com mais iniciativas de campanha, Paulo Raimundo traçou objetivos para a noite eleitoral: quer no mínimo mais 100 mil votos do que teve em 2004 e o reforço da bancada parlamentar em mais dois deputados.
Foi também o dia em que, pela primeira vez nesta campanha, Raimundo foi questionado por um popular sobre a guerra na Ucrânia. Durante a visita à escola António Arroio, um homem perguntou em tom elevado, enquanto Raimundo prestava declarações aos jornalistas, se condenava a invasão da Ucrânia. Raimundo disse que a resposta era simples: “sim, condeno”.
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