Atividade física adequada traz benefícios económicos significativos, revela estudo
Um estudo doutoral da Universidade de Oulu, na Finlândia, revela que cumprir as recomendações de atividade física da Organização Mundial da Saúde pode trazer benefícios económicos significativos.
A investigação demonstra que indivíduos fisicamente ativos tendem a ter rendimentos futuros mais elevados e a utilizar menos serviços de saúde primários e ocupacionais, resultando em menores custos para a sociedade.
Uma investigação recente conduzida na Universidade de Oulu, na Finlândia, demonstrou que a prática adequada de atividade física pode proporcionar benefícios económicos substanciais, tanto para os indivíduos como para a sociedade em geral. O estudo, parte da tese de doutoramento de Hanna Junttila, Lic. Med., M.Sc. (Econ.), focou-se nas implicações económicas da atividade física, um tema até agora pouco explorado cientificamente.
A investigação baseou-se nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a atividade física, que aconselha entre 150 a 300 minutos de atividade moderada ou 75 a 150 minutos de atividade intensa por semana. Os resultados indicaram que os indivíduos que seguiam estas recomendações tendiam a ter rendimentos futuros mais elevados em comparação com aqueles que eram menos ativos fisicamente.
Um dos achados mais significativos do estudo foi observado em homens com peso normal que praticavam exercício de acordo com as recomendações aos 31 e 46 anos de idade. Estes indivíduos utilizavam menos serviços de saúde primários e ocupacionais do que aqueles que não cumpriam as recomendações de atividade física em nenhuma das idades. Consequentemente, os custos de saúde para a sociedade eram menores.
Os custos de saúde primários analisados no estudo incluíam uma ampla gama de serviços, tais como visitas a enfermeiros, fisioterapeutas, médicos, psicólogos, clínicas de saúde mental e de tratamento de abuso de substâncias no setor público de saúde primária, além de serviços semelhantes na saúde ocupacional e no setor privado, bem como visitas domiciliárias de médicos.
Um aspeto importante da investigação foi a constatação de que o rendimento não tinha associação com o cumprimento das recomendações de atividade física. Além disso, o estudo considerou fatores como nível de educação, estado de saúde e estilo de vida como covariáveis, e a relação entre atividade física e rendimentos futuros e custos de saúde primários manteve-se robusta.
Hanna Junttila enfatiza a importância destes resultados, afirmando que promover a atividade física pode trazer benefícios económicos significativos tanto para indivíduos como para a sociedade. Do ponto de vista da economia da saúde, o investimento em atividade física pode ser visto como um investimento que resulta não apenas em melhor saúde, mas também em maior produtividade e redução de custos de saúde.
O estudo utilizou dados de pessoas nascidas no norte da Finlândia em 1966, recolhendo informações sobre estilo de vida e saúde através de extensos inquéritos e medições. Esta coorte de nascimento proporcionou um recurso único para estudar o impacto económico da mobilidade a nível populacional, explorando dados individuais sobre o uso e custos de serviços de saúde e dados de registo de rendimentos auferidos.
Os rendimentos aos 50 anos foram obtidos a partir de registos oficiais. A quantidade de atividade física foi avaliada através de um questionário para indivíduos de 31 e 46 anos e uma medição baseada em acelerómetro para os de 46 anos. Os níveis de atividade física no tempo de lazer obtidos do questionário foram comparados com as recomendações da OMS.
Uma diferença crucial em relação a estudos anteriores sobre custos foi a inclusão de todas as visitas a serviços de saúde, incluindo aquelas por motivos de incapacidade física, que tipicamente eram excluídas em estudos similares no passado.
Apesar dos esforços internacionais e nacionais para promover a atividade física, uma grande proporção da população ainda não pratica exercício suficiente para beneficiar a sua saúde. Junttila sugere que as pessoas com baixa atividade física devem ser apoiadas individualmente para aumentar de forma segura a sua atividade física de acordo com as recomendações. Além disso, defende o desenvolvimento de intervenções a nível populacional para promover a atividade física e a alocação de recursos para cuidados de saúde preventivos.
Este estudo representa um importante contributo para a compreensão da relação entre atividade física e benefícios económicos, fornecendo evidências sólidas para apoiar políticas de saúde pública e iniciativas que promovam um estilo de vida mais ativo na população.
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NR/HN
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