Sindicato dos Enfermeiros Portugueses exige soluções
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) entregou ao Ministério da Saúde uma moção, aprovada por unanimidade numa concentração em frente ao Ministério, para exigir a resolução de problemas que afetam a classe.
“Estamos a exigir a solução para três ou quatro problemas” que o Governo pode resolver nas atuais circunstâncias, desde logo a paridade da carreira de Enfermagem com a carreira técnica superior da administração pública, disse à agência Lusa o presidente do SEP, José Carlos Martins, à saída do Ministério da Saúde, onde entregou a moção.
Os enfermeiros exigem também a emissão de orientações relativamente ao descongelamento dos pontos, “porque há inúmeras situações de injustiça que importa resolver”, o pagamento de retroativos desde janeiro de 2018, a contratação de mais enfermeiros e a passagem a regime de efetividade dos enfermeiros com vínculo precário, “porque está demonstrada a enorme carência de enfermeiros através de um excesso de horas extraordinárias que hoje persistem nos serviços”.
O SEP pediu uma reunião com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, avisando que se não acontecer até 04 de dezembro, os enfermeiros voltarão a concentrar-se em 06 de dezembro, mas desta vez à frente da residência oficial do primeiro-ministro.
Cerca de meia centena de enfermeiros estiveram hoje de manhã concentrados em frente ao Ministério da Saúde por melhores “salários, progressão e igualdade”.
Nuno Agostinho, do Centro Hospitalar São João, no Porto, fez questão de marcar presença no protesto, para exigir a resolução de “várias injustiças” criadas pela tutela.
“Em primeiro lugar, o Ministério da Saúde discrimina os enfermeiros ao valorizar as outras profissões com o grau de licenciatura (…) e em termos retroativos, coisa que o Ministério diz que resolveu o ano passado, ficaram muitas pontas soltas”, disse o jovem enfermeiro à Lusa.
Também Teresa Faria, do Hospital Garcia de Orta, em Almada, considera que os enfermeiros estão a ser negligenciados pelo Governo.
“Eu não digo que não haja, obviamente, atenção e consideração pela área médica que, inequivocamente, é importante, mas nós também somos importantes e estamos a ser bastante negligenciados nestas questões”, defendeu.
Teresa Faria sublinhou que os enfermeiros também têm “questões muito pertinentes” que não estão a ser resolvidas, desde os descongelamentos, salários e carreira.
“Isto deveria ser tudo resolvido e andam nitidamente a empurrar com a barriga e a não querer resolver estas questões. E depois também vivemos um pouco ao sabor do mediatismo, que neste momento é centrado nos médicos quando nós temos problemas tão gritantes dentro da nossa própria classe”, lamentou.
Enfermeiro no centro de saúde da Azambuja, Rui Marroni faz parte do grupo de profissionais que “não têm os pontos contabilizados ou bem contabilizados”.
“Eu, como a generalidade dos enfermeiros que estão aqui, estamos mal reposicionados, porque o Governo desde 2018, através da Lei do Orçamento, devia ter efetuado o processo de descongelamento e reposicionamento na carreira de enfermagem e não o fez”, criticou.
Rui Marroni elucidou que esse reposicionamento deveria dar “um ou dois níveis remuneratórios a todos os enfermeiros que estão a exercer, pelo menos desde 2004”.
Presente no protesto, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou que a reivindicação dos enfermeiros “é justíssima”.
“[Os enfermeiros] dão tudo que têm, vestem camisola do Serviço Nacional de Saúde, merecem respeito, merecem direitos, merecem aumentos de salário e merecem uma coisa básica que é o fim da precariedade”, defendeu Paulo Raimundo.
“Merecem ser reconhecidos e valorizados, que é coisa que o Ministério da Saúde e o Governo não têm feito”, criticou.
Questionado sobre se as concentrações ainda vão a tempo, uma vez que será um Governo de gestão, Paulo Raimundo afirmou que “agora é que é preciso exigir. As pessoas estão aqui a manifestar-se não é porque querem é porque os problemas estão aí”.
LUSA
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