Médio Tejo tem mais de 70 mil utentes sem médico de família
Mais de 70 mil utentes dos 11 municípios do Médio Tejo estão sem médico de família, uma realidade que “assume maior dimensão” em Ourém, Abrantes, Alcanena, Mação e Sardoal, indicou o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS).
“O ACeS Médio Tejo regista um total de 225.522 utentes frequentadores e 33% destes utentes não têm médico de família atribuído”, referiu a entidade de saúde numa resposta a um pedido de esclarecimento da Lusa, dando conta de que, para dar resposta a estes utentes, o ACeS Médio Tejo e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo “têm recorrido a todas as alternativas possíveis”.
Com exemplo, o ACeS, que tem sede em Riachos (Torres Novas) e que agrega 11 municípios do distrito de Santarém, apontou “o recrutamento de médicos em prestação de serviços, o pagamento de horas suplementares aos médicos existentes, o reforço das equipas dos Atendimentos Complementares e a contratação de médicos aposentados”, medidas que se têm revelado insuficientes.
“Inclusivamente, temos em desenvolvimento parcerias com algumas instituições particulares de solidariedade social no sentido de recrutar mais horas médicas”, sublinhou a entidade pública de saúde. No entanto, admitiu, “apesar de todos os esforços, e face à dimensão do problema, estas horas médicas disponibilizadas aos utentes que estão sem médico atribuído não são suficientes”.
Esta realidade, indicou ainda, “assume maior dimensão nos concelhos de Ourém (exceto Centro de Saúde de Fátima), Abrantes, Alcanena, Mação e Sardoal, onde a percentagem de utentes sem médico atribuído é superior aos 33% da média”.
Questionado sobre a vigília realizada na quarta-feira pela população de Assentis (Torres Novas), em protesto pela falta de médico, o ACES Médio Tejo referiu que naquele polo de saúde estão inscritos 1.290 utentes, todos “sem médico assistente […] desde 30 de abril”.
“Estamos a tentar encontrar um médico interessado em prestar assistência aos utentes de Assentis, mas até ao momento isso não aconteceu”, acrescentou, referindo ainda que o polo de Assentis integra a Unidade de Cuidados Personalizados (UCSP) de Torres Novas e que, mesmo sem consultas médicas, está a funcionar com atendimento administrativo e de enfermagem.
Para os utentes da UCSP de Torres Novas, incluindo os inscritos no polo de Assentis, “existe uma consulta de recurso”, na sede desta unidade (situada no edifício do Centro de Saúde de Torres Novas), que funciona às segundas, quartas e sextas-feiras.
Em comunicado, a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo disse que a vigília de quarta-feira reuniu “quase uma centena de utentes” e assegurou que vai “continuar a pressão em Assentis/Torres Novas e no Médio Tejo até à colocação de médico nas extensões de Saúde”.
Tendo em conta que “estão em perigo muitos cuidados de proximidade em toda a região”, a comissão anunciou a realização de uma reunião com a população em Fungalvaz, localidade da freguesia de Assentis, numa data a anunciar, e “vigílias por colocação de médico” junto às Extensões de Saúde de Atalaia (Vila Nova da Barquinha), no dia 11 setembro, e em Carrazede, freguesia de Paialvo (Tomar), no dia 15 de setembro, sendo as datas provisórias.
O ACeS Médio Tejo tem 2.706 quilómetros quadrados e abrange 11 municípios com cerca de 225 mil utentes/frequentadores, sendo composto pelos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha, todos no distrito de Santarém.
LUSA
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