
Vacina universal contra a Covid-19 dá um passo em frente: dados promissores em estudo animam especialistas
Um reforço da vacina contra a Covid-19 desenhado para assumir o combate às múltiplas variantes mostrou resultados promissores, segundo revelaram os primeiros dados de testes, sugerindo que não falta muito para o aparecimento de uma vacina universal. A vacina, feita pela empresa de biotecnologia Gritstone, com sede na Califórnia, conseguiu desencadear altos níveis de anticorpos neutralizantes. A resposta imune foi semelhante às vacinas de mRNA já aprovadas, criadas pela Pfizer e Moderna, e os dados apontam que a vacina, cientificamente chamada de GTR-R910, também foi geralmente segura e bem tolerada.
A vacina da Gritstone é uma vacina contra a Covid-19 de mRNA autoamplificadora – ou samRNA, para abreviar – que tem como alvo as proteínas spike e não spike do vírus. A vacina experimental também produziu amplas respostas de células T, que os virologistas dizem oferecer proteção mais duradoura do que os anticorpos, que podem diminuir com o tempo. Enquanto os anticorpos ligam-se aos invasores externos do corpo e dizem ao sistema imunológico que precisa agir, as células T são um tipo de glóbulo branco que caça e destrói as células infetadas no corpo.
As vacinas contra a Covid-19 atualmente disponíveis são projetadas para atingir especificamente a proteína spike do vírus, o que significa que as variantes com mutações nessa área podem escapar da proteção oferecida pela inoculação. No ensaio, os cientistas testaram uma dose única de 10 microgramas da dose da vacina samRNA administrada pelo menos 22 semanas após duas doses da vacina AstraZeneca. Os dados sugerem que induziu novas respostas de células T e demonstrou o potencial para imunidade à prova de variantes.
Andrew Ustianowski, professor da Universidade de Manchester e investigador-chefe do estudo, garantiu: “É cada vez mais aparente que o foco na imunidade das células T é uma forma importante de gerar a imunidade robusta e durável que pode prevenir variantes do SARS-CoV-2 futuras de causar doenças graves, hospitalizações e morte.”
“Sabemos que a resposta imunológica das vacinas de primeira geração pode diminuir, especialmente em pessoas mais velhas. Acreditamos que esta vacina, como um reforço, irá provocar respostas imunológicas fortes, duráveis e amplas, que podem ser críticas para manter a proteção desta população idosa vulnerável que está particularmente em risco de hospitalização e morte”, explicou.
O professor de Imunologia do Imperial College London, Charles Bangham, apontou que os primeiros dados eram promissores, especialmente considerando que a dosagem mais baixa poderia significar que mais pessoas poderiam ser protegidas com quantidades menores. “A nova vacina é baseada em RNA de autoamplificação. Porque se amplifica, apenas uma pequena dose é necessária – isso deve permitir vacinar muito mais pessoas com a mesma quantidade da vacina”, revelou.