
Talibãs obrigam lojistas afegãos a decapitarem manequins femininos

Desde que os Talibãs assumiram o poder no Afeganistão, no início de 2021, que as mulheres afegãs têm vindo a assistir a uma nova onda de repressão contra a sua educação e liberdade.
Agora, o clima de perseguição chegou às lojas de roupa e aos tradicionais manequins normalmente usados nas montras para exibir a mercadoria disponível para venda como uma abaya ou um simples véu. Segundo uma notícia publicada no The Sun, as autoridades afegãs ordenaram a decapitação dos manequins das lojas com base no argumento de que os mesmos são “ídolos pecaminosos”. Recorde-se que no Islão está proibida a adoração de qualquer coisa ou pessoa, a não ser de Alá, o único Deus aceite e reconhecido.
Inicialmente, a ordem dada pelo Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício na província de Herat, órgão responsável por supervisionar o cumprimento da estrita interpretação do Islão, era para eliminar a presença dos manequins em todas as lojas. A medida não agradou aos lojistas que se queixaram do elevado prejuízo financeiro: “Cada manequim custa cerca de 60, 70, 87€ e decapitá-los será uma grande perda financeira”, confessou o empresário Abdul Wadood Faiz Zada ao jornal italiano Reppublica. O Ministério avançou depois com uma nova ordem – menos desastrosa financeiramente mas igualmente repressiva – e fez chegar aos lojistas a seguinte nota: “Todas as estátuas e manequins das lojas devem estar sem cabeça”.
De novo no poder, os talibãs vão, aos poucos, ressuscitando leis opressivas e sexistas promulgadas pelo grupo nos anos 90 e as mulheres afegãs vão vendo as suas liberdades cada vez mais ameaçadas. Facto que já fez soar os alarmes em organizações não governamentais como a UNICEF, que alerta para graves situações como a proibição das meninas adolescentes frequentarem a escola, o casamento infantil, o tráfico de bebés e crianças para escravatura sexual, entre outros cenários absolutamente negros. “A educação é muitas vezes a melhor proteção contra os mecanismos negativos como o casamento infantil, que pode levar a uma vida inteira de sofrimento, e o trabalho infantil”, afirmou a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore, em declarações ao jornal inglês The Sun.