
As diferenças de Catarina e Cotrim sobre a NATO, investimentos em defesa e a guerra na ucrânia

A actual situação na Justiça abriu o debate desta noite, mas foi a guerra na Ucrânia, o papel da NATO no conflito e o investimento anunciado pelo Governo para a Defesa que marcaram o frente-a-frente entre Catarina Martins e João Cotrim de Figueiredo, transmitido pela TVI.
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As posições de ambos são conhecidas, e o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal tentou levar a eurodeputada do Bloco de Esquerda a afirmar-se a favor da saída de Portugal da NATO.
“Há dois dias, numa entrevista, declarava que, por si, Portugal estaria fora da NATO. E para mim, a NATO é, de facto, a nossa única garantia de defesa”, disse Cotrim de Figueiredo.
Catarina Martins procurou clarificar que a preocupação actual passa pelas ameaças internas à própria NATO, invocando declarações de Donald Trump.
“Nós temos um líder que ameaçou dois países da NATO. Ameaçou o Canadá e ameaçou a Dinamarca. E esse líder foi Donald Trump. Ou seja, a ameaça veio de dentro da própria NATO”, afirmou a candidata.
Cotrim de Figueiredo insistiu na importância da Aliança Atlântica, usando o exemplo da Ucrânia para ilustrar o papel dissuasor da NATO.
“A Ucrânia está na situação em que está porque não pertencia à NATO. A Estónia, um país muito mais pequeno, com um exército muito menos poderoso, com fronteiras que são escassos metros de água entre os dois países, entre a Estónia e a Rússia, não foi atacada. A Finlândia, e depois a Suécia, depois de décadas de neutralidade, sentindo a ameaça russa, a primeira coisa que fizeram foi integrar a NATO. Porquê? Porque a NATO, de facto, é a nossa garantia de defesa”, defendeu.
Ambos divergem quanto a uma possível solução de paz para a Ucrânia, mas estão de acordo na crítica à falta de coragem da Europa face ao conflito.
“Eu acho uma hipocrisia nós deixarmos a Ucrânia como está, depois de ter morrido tanta gente, uma economia destruída, e agora dizermos: agora vamos ficar nós aqui com umas terras raras, vamos fazer uns negócios de reconstrução, a indústria de armamento francesa e alemã encheu-se de dinheiro e adeus”, criticou Catarina Martins, acusando a Europa de se demitir das suas responsabilidades.
“Exatamente o meu ponto também. Portanto, essa falta de coragem exige que a Europa tenha essa capacidade e essa velocidade de decisão e tem de ter depois um braço armado para dar consequência militar à política”, concordou Cotrim de Figueiredo.
Quanto ao investimento de 5,8 mil milhões de euros para as Forças Armadas, anunciado pelo Governo, Cotrim concorda com a medida, mas Catarina Martins considera que o país tem outras prioridades.
“Gastar recursos que o nosso país precisa, e como precisa, para áreas fundamentais como o acesso à habitação, eu acho que é absolutamente desproporcionado, desequilibrado e, sobretudo, sem estratégia, gastar este investimento para fazer vontades que não correspondem a uma avaliação das necessidades reais do nosso país”, criticou.
“Estes montantes, que são cerca de 2% do PIB, são vultuosos, de facto, mas são uma gota de água naquilo que vão ser os investimentos europeus em Defesa nos próximos anos. Portugal tem de estar integrado, e nesse sentido, sim, parece-me uma boa ideia. E parece-me que a NATO é, de facto, a nossa garantia de defesa única”, reforçou Cotrim.
Apesar das divergências, o diagnóstico da Justiça uniu os dois candidatos nas críticas ao Ministério Público e no pedido de explicações claras e rápidas à sociedade.
João Cotrim de Figueiredo considerou que esses esclarecimentos são essenciais para a saúde da democracia.
“O Ministério Público, e o seu procurador como responsável máximo, dá explicações mais cabais, mais cedo, e de preferência sem lapsos de língua ou tentativa de brincadeira, ou estamos a dar asas àqueles que acham que a democracia está em crise. Esse é um dos pilares que está doente e que, portanto, todos os cidadãos têm razões para desconfiar da Justiça. Esse é o pior serviço que podemos prestar e, portanto, sim, impõe-se comunicação mais célebre e mais clara por parte do Ministério Público”, defendeu.
Catarina Martins alertou para o risco de a política tentar interferir na Justiça, defendendo mecanismos de escrutínio autónomos.
“Acho que uma Presidente da República pode, pelo menos, incentivar a Justiça, claramente, a fazê-lo, a provar que é capaz de ter mecanismos de escrutínio próprios e autónomos. Porque há muitas tentações de pôr o poder político a ter algum tipo de controlo da Justiça, e quando casos como este acontecem, a Justiça descredibiliza-se, e esse tipo de tentações aumenta”, alertou.
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