Coimbra antecipa plano de inverno e reforça equipas para conter pressão gripal
A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra decidiu não esperar mais. Percebendo os primeiros sinais de pressão nos serviços, avançou o seu dispositivo sazonal em catorze dias. O nível 1 do plano de contingência de inverno entra em vigor já na quinta-feira para os cuidados de saúde primários e na sexta-feira para a componente hospitalar. Uma antecipação que, nas palavras do presidente do conselho de administração, Alexandre Lourenço, pretende “responder da melhor forma” ao previsível pico de doenças respiratórias.
O plano, apresentado numa conferência de imprensa esta terça-feira, assenta em quinze medidas transversais. O reforço mais visível – e há muito reclamado – materializa-se em pessoas: 60 enfermeiros e 40 técnicos auxiliares de saúde foram contratados para as urgências de doença aguda. “Uma ajuda imprescindível”, admitiu Lourenço, reconhecendo o desgaste habitual das equipas nesta época.
No hospital, a mudança será percetível. Ficará operacional uma sala específica de pressão negativa para doenças respiratórias, isolando os doentes para evitar contágios. Junto à urgência, será colocado um contentor equipado para realizar análises e detetar infeções respiratórias com agilidade. Nos centros de saúde, a obrigatoriedade passa a ser que os médicos atendam 100% dos utentes no próprio dia, com o horário a estender-se até às 20h00.
Mas a estratégia desdobra-se para lá dos muros das unidades. Um pilar central é a expansão da LinhaCuidar@Coimbra, uma espécie de “via verde” telefónica que liga estruturas residenciais para idosos (ERPI) diretamente ao hospital de referência. O projeto, que já cobre quase 700 utentes de seis concelhos do norte do distrito de Leiria, visa “otimizar a afluência, para a que for estritamente necessária”, evitando deslocações precipitadas. A intenção é estendê-lo a Coimbra, Condeixa-a-Nova e Cantanhede ainda durante o mês de dezembro.
Outra peça que ganhou importância com a experiência do ano passado é o programa “Ligue antes, salve vidas”. Segundo Alexandre Lourenço, esta linha de triagem telefónica terá sido decisiva em 2024, contribuindo para uma “redução de cerca de 17% dos episódios de urgência”. Um alívio que se conjugou com o trabalho de uma rede de centros de atendimento clínico, que conta agora com seis unidades e já realizou 12 mil atendimentos, filtrando casos menos graves.
O calendário de picos está igualmente na mira dos gestores. Os reforços humanos estão especialmente direcionados para os dias 26 e 27 de dezembro e para 2 e 3 de janeiro, períodos historicamente críticos. Para fazer face a uma eventual subida abrupta de casos, o plano prevê a possibilidade de abrir 58 camas adicionais para doentes respiratórios, dispersas pelos Hospitais da Universidade de Coimbra, pelo Hospital Geral e pelo Hospital de Cantanhede.
A longo do inverno, a ULS promete ainda outros desenvolvimentos, como a criação de uma rede de raio-X de proximidade com suporte de inteligência artificial e a progressiva implementação de percursos clínicos integrados. No cômputo geral, a antecipação parece traduzir uma lição aprendida: numa estação de imprevistos, ganha tempo quem não o perde à espera que a crise se declare.
NR/HN/Lusa






