
Vigilância da gravidez de baixo risco por enfermeiros. O que dizem os médicos?
É uma medida que abrange todas as grávidas?
Esta medida destina-se sobretudo às mulheres que não têm médico de família atribuído, garantindo que não ficam sem acompanhamento durante a gestação. A ideia é que os enfermeiros possam assegurar consultas regulares, monitorizar a evolução da gravidez e encaminhar as grávidas para os médicos, sempre que sejam detetados sinais de risco.
Porquê na Península de Setúbal?
Por ser uma das regiões do país com falta de médicos de família. Este projeto do Ministério da Saúde pretende responder a esse problema, uma vez que muitas grávidas acabam por não ter acompanhamento adequado nos cuidados de saúde primários, o que pode comprometer a prevenção e a deteção precoce de complicações durante o período de gestação.
Ao atribuir esta função a enfermeiros especialistas, o objetivo é garantir que todas as grávidas têm acesso a vigilância básica e contínua, sem depender exclusivamente da disponibilidade de médicos.
A experiência vai ser alargada ao resto do país?
Para já, arranca na Península de Setúbal, no primeiro trimestre de 2026, mas a intenção é alargar gradualmente a outras regiões do país, sobretudo onde há maior falta de médicos de família, como é o caso da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra, que Ana Paula Martins já mencionou como sendo, muito provavelmente, a próxima a ser incluída neste projeto.
Mas, sim, o objetivo do Ministério da Saúde é que este modelo se torne uma resposta nacional para garantir que todas as grávidas, mesmo sem médico de família, possa ser acompanhadas com regularidade nos centros de saúde por enfermeiros.
Todos os enfermeiros?
À partida todos estarão habilitados, mas o objetivo é que esta vigilância seja feita por enfermeiros especialistas em saúde materna, que têm formação específica para realizar consultas pré-natal, avaliar parâmetros clínicos, dar aconselhamento sobre nutrição, hábitos de vida e preparação para o parto.
Por outro lado, por serem especialistas, estão mais capacitados para identificar sinais de alerta e encaminhar para médicos ou hospitais sempre que isso seja necessário.
O que dizem os médicos?
Criticam esta solução, consideram que este projeto não está suficientemente estruturado e ignora recomendações técnicas fundamentais.
Para o bastonário da Ordem dos Médicos, o projeto não define um protocolo de articulação com os enfermeiros. Carlos Cortes defende que a solução deveria passar por um reforço de recursos humanos nos centros de saúde, em vez de transferir responsabilidades para enfermeiros. A Ordem fez essa proposta à ministra da Saúde, mas Ana Paula Martins recusou. E, na resposta, a Ordem dos Médicos admite que a vigilância por enfermeiros pode fragilizar a qualidade do acompanhamento se não houver uma integração clara com os médicos.
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