
Escondeu a morte da mãe para continuar a receber a reforma mas acabou apanhado quando se fez passar por ela
Durante três anos, um homem natural da província de Mântua, no norte de Itália, levou a cabo uma das fraudes mais insólitas das últimas décadas: assumiu a identidade da própria mãe, falecida em 2022, para continuar a receber a reforma e todos os outros rendimentos a ela associados.
Cabelo curto, maquilhagem discreta, camisa florida ao estilo dos anos 70, colar de pérolas e uns brincos antigos: à primeira vista, a figura que entrou no Registo Civil de Borgo Virgilio parecia uma senhora idosa perfeitamente comum para renovar o documento de identidade.
Mas bastou a funcionária observá-la com um pouco mais de atenção para algo não bater certo: por detrás da maquilhagem via-se uma pele masculina, e nem de longe a mulher parecia ter os 85 anos declarados. O alerta acendeu-se imediatamente.
A funcionária relatou de imediato o episódio aos superiores, que por sua vez avisaram a câmara municipal e a polícia. Iniciou-se então uma verificação interna.
A fotografia tirada na autarquia duas semanas antes foi comparada com a imagem do velho documento, expirado há uma década. A semelhança entre as fotos existia, sim, mas havia um detalhe incontornável: a verdadeira Graziella Dall’Oglio, viúva de um médico e dona de casa, dificilmente seria aquela pessoa.
Ao nível de um filme de Hollywood
A verdade era outra e digna de um guião cinematográfico ao estilo de ‘Mrs. Doubtfire’, protagonizado por Robin Williams, em 1993.
Quem se apresentara como Graziella era, na realidade, o seu filho: um enfermeiro desempregado que assumira o lugar da mãe para continuar a receber a pensão e as rendas da família. E não se tratava de uma morte recente. A mulher não era vista há anos.
A fraude, porém, era tudo menos modesta. A declaração de rendimentos continuava a surgir anualmente, supostamente assinada por Graziella, somando cerca de 53 mil euros provenientes da pensão de viuvez e dos imóveis herdados.
Quando o funcionário o chamou novamente às instalações municipais para “concluir a documentação”, os agentes aproveitaram para confrontá-lo. O homem, de 57 anos, acabou por admitir o disfarce sem grande resistência.
“Precisamos também de inspecionar a sua casa”, informaram. “Façam como quiserem”, respondeu, resignado.
O que encontraram no interior da habitação deixou até os investigadores sem palavras: num dos quartos, estava o corpo mumificado de Graziella Dall’Oglio, preservado como um segredo macabro e peça chave de uma fraude que durara anos.






