
Do coração ao sistema imunitário. Quais são os benefícios e contraindicações do alho na saúde?
Quer seja utilizado num refogado ou para temperar carne, o alho é um conhecido companheiro do cozinha por intensificar aromas. Porém, este ingrediente tem ganhado reputação como remédio natural, mas é verdade que o alho faz mesmo bem à saúde?
A lista de potenciais benefícios está a crescer nos últimos anos e a ciência vai reafirmando que o alho guarda um bom segredo da saúde do coração ao reforço do sistema imunitário.
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O alho (allium sativum) guarda as melhores propriedades na sua química, já que contém compostos de enxofre, incluindo dissulfureto de dialila e s-alilcisteína, responsáveis tanto pelo seu cheiro característico como pelos seus efeitos medicinais. O composto químico mais estudado é a alicina que se forma quando o alho é picado, esmagado ou mastigado.
Saúde cardiovascular
O alho é amplamente estudado pelo seu potencial em ajudar o coração e os vasos sanguíneos. Suplementos de alho podem ajudar a reduzir a pressão arterial elevada, com alguns estudos a encontrarem efeitos semelhantes a certos medicamentos prescritos.
Uma análise de 2019 concluiu que suplementos de alho reduziram significativamente a pressão arterial em pessoas com hipertensão. Esta redução foi associada a um risco entre 16% a 40% menor de eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.
A investigação sugere que isto pode dever-se ao facto de o extrato de alho melhorar a elasticidade arterial, tornando as artérias mais flexíveis e ajudando-as a expandir e contrair mais facilmente à medida que o sangue circula. Artérias rígidas obrigam o coração a trabalhar mais e são um fator de risco para doenças cardíacas.
Os compostos do alho também parecem ajudar a relaxar os vasos sanguíneos ao aumentar os níveis de sulfureto de hidrogénio e óxido nítrico. Estes são gases naturalmente produzidos no organismo que ajudam os vasos sanguíneos a dilatar-se, permitindo um fluxo sanguíneo mais fácil. A alicina pode ainda ajudar a reduzir a pressão arterial ao bloquear a angiotensina II, uma hormona que provoca o aperto dos vasos sanguíneos.
A investigação sugere que o alho também pode reduzir o colesterol total – a quantidade total de colesterol no sangue – e o colesterol LDL, frequentemente chamado colesterol “mau”, porque níveis elevados podem entupir as artérias. Alguns estudos mostram que tomar alho durante mais de dois meses pode reduzir o LDL em até 10% em pessoas com níveis ligeiramente elevados.
Estudos laboratoriais mostram que compostos do alho podem bloquear enzimas do fígado que produzem gorduras e colesterol. Podem também evitar a acumulação de placa nas artérias ao reduzir o LDL e torná-lo mais resistente à oxidação, um processo que contribui para as doenças cardiovasculares.
Reforço do sistema imunitário
Os efeitos antibacterianos da alicina são bem reconhecidos na atividade antimicrobiana contra bactérias, vírus e fungos.
Um estudo descobriu que pessoas que tomavam extrato de alho envelhecido tinham sintomas de constipação e gripe mais ligeiros, recuperavam mais rapidamente e faltavam menos dias ao trabalho ou à escola.
Uma investigação mais recente sugere que o alho pode apoiar o sistema imunitário ao ativar certos tipos de glóbulos brancos. Estes incluem macrófagos, que engolem e destroem bactérias e vírus; linfócitos, incluindo células T e B que reconhecem infeções e produzem anticorpos; e células natural “killer”, que atacam e destroem células infetadas ou anormais, como células virais ou cancerígenas.
O alho pode também ajudar a regular a inflamação, uma parte essencial da resposta imunitária.
Prevenção do cancro?
Uma investigação preliminar sugere que o alho pode ajudar a reduzir o risco de certos tipos de cancro, particularmente os que afetam o sistema digestivo, o cólon, os pulmões e o trato urinário.
Um estudo concluiu que o alho pode influenciar no desenvolvimento do cancro. Pode impedir que células cancerígenas se dividam, evitar a formação de novos vasos sanguíneos que alimentam tumores e encorajar as células cancerígenas a morrerem naturalmente.
Estes efeitos parecem estar ligados à influência do alho nas vias de sinalização celular que controlam o crescimento e comportamento das células. As suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias também podem contribuir.
No entanto, grande parte desta evidência vem de estudos laboratoriais e em animais, que nem sempre se aplicam a humanos. São necessários estudos clínicos mais robustos em pessoas.
O alho também tem sido associado a outros possíveis benefícios, embora a investigação ainda esteja em curso. Os seus efeitos antioxidantes podem ajudar a reduzir o risco de doença de Alzheimer, e as suas propriedades anti-inflamatórias podem ser úteis em condições como a osteoartrite.
Mas quanto alho é suficiente? Há contraindicações?
Não existe uma dose diária oficial recomendada para o alho. Muitos estudos utilizam o equivalente a um a dois dentes por dia. Existem também muitos suplementos disponíveis. Comer alho como parte da alimentação fornece fibra, vitaminas e outros compostos vegetais que os suplementos não contêm.
O alho é geralmente seguro, mas pode causar inchaço, gases e azia, especialmente quando consumido cru ou em grandes quantidades. Pessoas com síndrome do intestino irritável, refluxo ácido ou grávidas podem ser mais sensíveis.
O alho é também conhecido por causar mau hálito e odor corporal. À medida que a alicina se degrada, liberta gases contendo enxofre. A maioria é processada pelo corpo, mas um chamado sulfureto de metil-alilo permanece sem ser metabolizado e é libertado pela respiração e pelo suor.
O alho pode interagir com certos medicamentos quando tomado em grandes quantidades e pode aumentar os efeitos da aspirina ou de anticoagulantes como a varfarina, aumentando o risco de hemorragia. Por isso, se uma pessoa é medicada, é aconselhado falar primeiro com um médico.
O alho também pode baixar a pressão arterial, o que pode ser um problema para quem já toma medicação para a pressão alta ou baixa.
Já quem está grávida ou a amamentar deve ter cautela, já que suplementos de alho em altas doses não foram bem estudados, e os efeitos no bebé ou lactente não são totalmente conhecidos.
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