
8 milhões “desnecessários” em vacinas nas farmácias – os portugueses não aparecem
SNS
Farmácias com menos vacinados contra gripe e COVID-19, comparando com centros de saúde. Milhares de doses no lixo.
O Governo investe 7,6 milhões de euros numa campanha de vacinação, nas farmácias, contra gripe e COVID-19. Mas esse investimento não está a ter o resultado desejado.
Neste ano as farmácias estão a administrar menos vacinas do que no ano passado, e do que os centros de saúde. É na vacina contra a COVID-19 que se nota a diferença: até agora, neste ano, as farmácias administraram menos 221.042 vacinas do que em 2024.
A Associação Nacional de Farmácias (ANF) diz que os portugueses – dos 60 aos 84 anos, idade elegível – hesitam, ou recusam mesmo, no momento de serem vacinados nas farmácias.
Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias, lembra que as pessoas mais velhas (mais de 85 anos) aceitam mais facilmente a vacina, no geral. E essas são vacinadas nos centros de saúde. Por isso, os centros de saúde “dão conta do recado”.
Os 7,6 milhões de euros para as vacinas nas farmácias são uma “despesa necessária”, indica a USF-AN (Unidades de Saúde Familiar – Associação Nacional).
“Até porque esse valor dava para pagar a contratação dos enfermeiros que faltam nas unidades de saúde”, diz André Biscaia, no Público.
O incentivo às farmácias deveria ser cancelado, defende a ANF. Uma farmácia recebe 3 euros por cada vacina administrada. Uma farmácia cuja taxa de inutilização de vacinas seja inferior a 1,5% ganha mais 11 cêntimos por dose administrada.
Mas há milhares de doses que vão para o lixo: na última campanha de vacinação, praticamente 60 mil doses foram inutilizadas nas farmácias. Nos centros de saúde, foram pouco mais de 11 mil.
“Não é nada contra as farmácias, mas este serviço não é necessário. A vacinação é uma história de sucesso em Portugal e sempre foi feita nos centros de saúde”, finaliza André Biscaia, da USF-AN.




