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“Estamos a ganhar terreno contra a demência e devemos continuar”

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“A doença de Alzheimer entra no chapéu das demências, mas não são sinónimos, é a causa mais comum, cerca de 70% dos casos de demência”, clarifica Ana Valverde. A diretora de Neurologia da CUF Descobertas foi a primeira a falar na parte da tarde, seguindo o tema “O papel do neurologista: dos primeiros sinais ao acompanhamento clínico”

Alertando para o facto de Portugal ser dos países com mais casos de demência por cem mil habitantes, apela a que todos estejam atentos aos primeiros sinais. “Não podemos prevenir uma doença tão complexa como o Alzheimer quando já esta diagnosticado”. Tem de ser antes, justifica, explicando que problemas cardiovasculares, tabaco, perda de audição ou traumatismos cranianos podem facilitar o desenvolvimento da doença – e, por isso, devem ser acompanhados desde cedo. Ainda assim, admite que os recursos “são limitados nos centros de neurologia e os doentes continuam a aumentar”.

Falando sobre a demência, em geral, Ana Valverde sublinha que “os números não enganam, vemos que a prevalência aumenta progressivamente com a idade”. O diagnóstico deve ser feito com extremo cuidado: afinal, há esquecimentos ou trocas de pensamento normais que não são necessariamente demência cientificamente classificada.

Estas casas não são para velhos. "O idoso é para morrer abandonado no quarto"

“Ninguém tem vergonha de ter colesterol alto, mas todos temos vergonha de ter demência ou de ter alguém com demência na família”. Manuel Caldas de Almeida é diretor clínico do Hospital do Mar. Na mesa-redonda “Desafios no apoio à demência em Portugal: caminhos de inovação nos cuidados”, criticou a separação que diz existir entre as necessidades sociais e as necessidades de saúde em Portugal.

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Não há uma ligação efetiva entre os cuidados de saúde primários e hospitalares, não tem lógica que não haja um plano de cuidados que acompanha a pessoa – cada pessoa tem a sua doença que vai evoluindo”. E é por isso necessário repensar o acompanhamento que vai sendo dado.

A presidente da Associação Nacional de Cuidadores Informais participou numa outra mesa – “O cuidado centrado na pessoa: uma visão multidisciplinar”. Liliana Gonçalves pede atenção ao “Inverno demográfico que escala muito facilmente” e às “desigualdades no acesso das famílias a estruturas residenciais para pessoas idosas ou a serviços de apoio domiciliário”.

Tendo isto em conta, e havendo “pessoas empurradas para o papel de cuidador informal”, a Associação defende uma atualização das leis para que o subsídio de apoio atribuído a todos os cuidadores seja equivalente, pelo menos, ao salário mínimo nacional. “E as pessoas que são cuidadores e trabalham, se optarem por ter trabalho em tempo parcial, possa ser complementado o seu salário com a sua condição de cuidador”.

O Seminário “Caminhos para a Longevidade” decorreu esta quarta-feira, durante todo o dia, no Centro Pastoral de Torres Vedras. Foi organizado pela “Vida Maior”, que pretendia uma discussão alargada acerca de uma “visão extremamente positiva daquilo que é envelhecer”.

Vinda do Funchal, a Diretora Regional para as Políticas Públicas Integradas e Longevidade do Governo da Madeira, retrata como é vista na hora de compor os orçamentos regionais. “É sempre um tema muito moroso, porque eu represento o custo” – nunca uma receita. Num debate mais político para terminar o dia, a deputada do PSD Helga Correia, que faz parte da Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, salientou a “intenção do Governo aprovar uma estratégia nacional para a longevidade”: algo que estará presente no Orçamento do Estado do próximo ano.

“Para envelhecermos com saúde temos de olhar desde o nascimento”. Apelando a contributos da sociedade civil na procura por novas soluções – “todos os contributos são fundamentais para que nós no Parlamento possamos melhorar esta resposta” – a deputada destaca também o trabalho que está a ser desenvolvido no futuro Estatuto da Pessoa Idosa. O documento já passou na generalidade, está agora na especialidade.

“A demência como prioridade nas políticas de saúde e proteção social” era o tema desta mesa-redonda. A fechar as intervenções de convidados, Susana Viana, diretora da Unidade de Intervenção Social do Instituto de Segurança Social, arrancou com um mote claro: “Se o envelhecimento é uma grande oportunidade, é também um grande desafio”.

"Censos Sénior" da GNR. Há mais de 43 mil idosos a viver sozinhos ou isolados

Susana Viana diz que é necessário robustecer a capacidade dos territórios, interligando cuidados formais e informais, assegurando o “não isolamento social como prevenção da demência”. “Um país com grande quantidade de pessoas idosas, muitas a viver sozinhas, este risco de isolamento social é um fator de risco para a demência, não temos dúvidas nenhumas disso, e, por isso, tudo aquilo que possamos fazer para o quebrar é prevenção”, sublinhou.

Propõe a aposta em planos individuais, sempre focados no cidadão e que contem com os próprios na hora de serem construídos, mantendo, se possível, as pessoas em casa: “Os cuidadores informais poupam uma série de dinheiro ao país”. “Por muito boas e humanas que sejam as resposta formais”, a diretora na Segurança Social quer uma aposta nas respostas que podem manter, em primeiro lugar, as pessoas com demência nas casas que conhecem e onde vivem.

A última palavra coube a Juvenal Baltazar, fundador da Vida Maior, empresa que, através da reabilitação física e da promoção de capacidades cognitivas, tem como objeto planos individuais de cuidados de saúde: “Penso que levamos para casa muitas coisas para refletir, individualmente e com as nossas equipas de trabalho, não bastam as políticas, é preciso que quem está no terreno desenvolva práticas; queremos envelhecer, vamos envelhecer, vamos ter uma vida mais longa, e, se Deus quiser, melhor; quem tem uma condição não está excluído da sociedade”.


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