
Encerramento da UCIN do Hospital Dona Estefânia ameaça cuidados intensivos neonatais
O fecho da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, motivado pela falta de médicos, põe em risco a vida de recém-nascidos de alto risco. Especialistas alertam para o impacto nacional na rede de saúde, com perda de vagas e capacidade cirúrgica única no país
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O encerramento da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, está a gerar alarme entre profissionais e sindicatos, que apontam riscos diretos para a sobrevivência de recém-nascidos dependentes de cuidados especializados. O SINDEPOR, sindicato que representa parte dos trabalhadores, sublinha que o fim desta unidade significa a perda de todas as vagas de cuidados intensivos neonatais no hospital, bem como de valências cirúrgicas e meios de apoio que ali eram exclusivos.
A decisão surge numa altura em que a escala de dezembro regista mais de metade dos turnos médicos por preencher, reflexo de uma redução progressiva de profissionais sem substituição ao longo dos anos. A equipa de enfermagem, por seu turno, mantém um núcleo coeso de especialistas e estava em fase de integrar novas enfermeiras, um processo que permitiria, a curto prazo, aumentar a capacidade de resposta. Com o fecho, perde-se não apenas lugar físico, mas também décadas de experiência clínica e sensibilidade no trato destes doentes tão vulneráveis.
Fundada há mais de quatro décadas, a UCIN do Dona Estefânia é o único hospital pediátrico da região de Lisboa e funciona como centro de referência nacional, recebendo recém-nascidos de alto risco de todo o Centro e Sul de Portugal, incluindo Açores e Madeira. Classificada como nível III, a unidade trata 46% dos casos de cirurgia neonatal em Portugal, sendo recurso para instituições como a Maternidade Alfredo da Costa ou os hospitais São Francisco Xavier e Garcia de Orta.
As consequências do encerramento, segundo os alertas divulgados, serão imediatas: redução da capacidade nacional de cuidados intensivos neonatais, agravamento na gestão de vagas, menor intervenção em cirurgia neonatal e maior probabilidade de atrasos na transferência de bebés críticos. Tudo isto poderá traduzir-se no aumento de incidentes clínicos, complicações graves e, em última análise, no agravamento da morbilidade e mortalidade neonatal.
NR/HN/Lusa
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