
Hospitalização privada enfrenta crise na Europa
A crise no setor da hospitalização privada europeia é marcada por problemas como o aumento geral dos custos, a escassez de recursos humanos e a instabilidade regulatória, de acordo com a nova edição do Factbook da União Europeia de Hospitalização Privada (UEHP). No relatório, a situação é descrita como uma “crise de financiamento e de recrutamento”, com hospitais a enfrentarem sérias dificuldades em manter a qualidade dos serviços, apesar das responsabilidades que têm para com os pacientes.
Em particular, o Factbook aponta para um “perigo real de deterioração dos serviços de saúde” devido à falta de profissionais, especialmente médicos. “A dificuldade em recrutar uma nova geração de profissionais de saúde está a colocar um enorme stress sobre os sistemas de saúde, com países como Itália e Portugal a enfrentarem uma onda de aposentação de médicos sem garantias de substituição”, acrescenta-se.
A escassez de pessoal e as dificuldades financeiras são problemas comuns a todo o setor de saúde na Europa. A hospitalização privada representa, atualmente, 42% de todas as camas hospitalares da Europa e a UEHP reúne mais de 6 mil hospitais e clínicas privadas.
O setor de saúde, público e privado, é um dos maiores empregadores europeus, contando com cerca de um milhão de médicos e 2,1 milhões de enfermeiros e técnicos de saúde. De 2001 a 2019, o emprego no setor da saúde cresceu 24% nos países da OCDE, superando amplamente o crescimento de outros setores da economia europeia, segundo informações avançadas pela Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP).
Em Portugal, o setor privado de saúde tem vindo a crescer de forma significativa, representando já 33% da atividade hospitalar do país. Em 2023, os hospitais privados em Portugal, que totalizam 131 unidades, realizaram mais de 9 milhões de consultas, 1,4 milhões de atendimentos de urgência e 257 mil cirurgias.
No entanto, “o relatório sublinha que o setor enfrenta desafios como a escassez de profissionais de saúde, especialmente médicos, e os elevados investimentos necessários para a transição digital e para garantir a cibersegurança”.
O relatório foi apresentado, hoje, pelo eurodeputado Sebastião Bugalho, em Bruxelas.
Maria João Garcia
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