
Liga Contra Cancro lamenta impasse nos rastreios a cancro do pulmão, estômago e próstata

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) lamentou esta terça-feira que rastreios como o do pulmão, estômago e próstata, “perfeitamente consagrados a nível europeu”, continuem num impasse em Portugal, tema que será discutido nesta sexta-feira e sábado, num congresso, no Porto.
“Em Portugal há mais de três anos que se avança e recua, mais se recua. O que está em causa é a prevenção, e a prevenção é extremamente importante. Na prevenção está a base de tudo na doença oncológica. E, com prevenção, o Estado gasta muito menos”, disse o presidente da LPCC, Vítor Veloso.
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Em declarações à agência Lusa, nas vésperas do 6.º Congresso Nacional de Prevenção Oncológica e Direitos dos Doentes organizado pela LPCC que decorre na sexta-feira e sábado na Fundação Cupertino de Miranda, no Porto, Vítor Veloso prometeu “continuar a cruzada” num tema que “parece viver um impasse”.
“Há projetos-piloto que ainda estão por implementar. Só o do cancro do pulmão está implementado, mas nem sequer está em funcionamento. E temos outros, nomeadamente, do cancro gástrico e do cancro da próstata que até o momento não tivemos qualquer ideia de que seja iniciado”, disse.
Exigindo que Portugal “passe da teoria à prática” na defesa dos direitos dos doentes oncológicos, o presidente da Liga disse que “estes projetos estão perfeitamente consagrados a nível europeu”. “Não estamos a pedir nada de extraordinário nem nada de esquisito”, sublinhou.
Em abril, a propósito do Dia Europeu dos Direitos dos Doentes, a LPCC realçou que 2024 terminou com mais de 8.600 doentes oncológicos à espera da primeira consulta, sendo que quase 80% já tinham ultrapassado o tempo de espera recomendado.
“O cancro não espera”
Já, citando dados divulgados pela Entidade Reguladora da Saúde, a Liga refere, no convite para o congresso, que entre janeiro e junho de 2025, foram realizadas 19.014 primeiras consultas oncológicas nos hospitais públicos, um aumento de atividade de 6,9% face ao mesmo período de 2024.
“No entanto, 57,9% dos doentes esperaram além dos prazos legais definidos para o seu nível de prioridade”, acrescenta.
À Lusa, Vítor Veloso repetiu a mensagem de que “no cancro, é extremamente importante que os tempos máximos de espera sejam garantidos para o ganho” porque “o cancro não espera”.
“O cancro e, sobretudo, determinados tipos de cancro, avançam rapidamente e se excederem os tempos máximos de espera, o que acontece é que, muitas vezes, um cancro pequeno inicial transforma-se num cancro grave e, consequentemente, aquilo que poderia ser uma cura é uma sobrevivência má ou uma morte”, frisou Vítor Veloso.
No convite para o congresso, a LPCC acrescenta que “apesar da legislação prever diversos apoios e benefícios estipulados, a sua aplicação prática tarda e é sujeita a interpretações que dificultam o acesso dos doentes a esses direitos fundamentais”.
Em 2020, 2,7 milhões de pessoas na União Europeia foram diagnosticadas com cancro e mais 1,3 milhões de pessoas perderam a vida, incluindo mais de dois mil jovens.
“Daí a urgência da implementação dos rastreios emergentes. Se não tomarmos medidas decisivas agora, os casos de cancro deverão aumentar 24 % até 2035, tornando-o a principal causa de morte na União Europeia”, vinca a Liga.
O 6.º Congresso Nacional de Prevenção Oncológica e Direitos dos Doentes decorrerá, em simultâneo, com o Encontro Anual da Association of European Cancer Leagues (ECL), organização europeia que reúne várias associações congêneres à LPCC.
A iniciativa é dirigida a doentes oncológicos, profissionais de saúde, cuidadores formais e informais, e à comunidade em geral.
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