
Democratas recuperam nos EUA ao focarem-se nos problemas reais das pessoas
O comentador da Renascença Henrique Raposo considera que os democratas recuperaram terreno nos Estados Unidos porque voltaram a centrar o discurso nos problemas concretos das pessoas, deixando em segundo plano as questões identitárias.
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Raposo destaca as vitórias de Abigail Spanberger, na Virgínia, e de Mikie Sherrill, em Nova Jérsia, como exemplos de um novo caminho “para os democratas poderem vencer Donald Trump”.
“Há um ano, Nova Jérsia foi o Estado com a maior viragem a favor de Trump entre todos os 50 Estados”, recorda. “Agora, Abigail Spanberger venceu com 13 pontos de vantagem e superou Kamala Harris em todos os condados.”
O que têm em comum estas duas candidatas vitoriosas?
“São centristas, moderadas — exatamente o que se pede hoje em dia”, afirma Raposo. “São competentes a tratar da economia, das questões do dia a dia: a comida, a roupa, as estradas, as escolas.”
Segundo o comentador, ambas se afastaram do radicalismo ‘woke’ e identitário, rejeitando visões extremadas como a ideia de que “todos os brancos são maus” ou “a polícia é toda má”. Lembra que Spanberger, há dois ou três anos, criticou fortemente Alexandria Ocasio-Cortez, quando parte das elites democratas defendia o movimento “defund the police” — a proposta de retirar financiamento às forças policiais, classificando-as como entidades opressoras do Estado.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo sublinha que “o caminho para derrotar Donald Trump é não engolir o isco”.
“E este raciocínio aplica-se também a Portugal”, acrescenta. “Não podemos cair em todas as provocações que André Ventura lança. Precisamos de resolver os problemas reais das pessoas — saúde, educação — e deixá-lo a falar sozinho.”
Raposo rejeita a ideia de que esse novo estilo político constitua “populismo de esquerda”:
“Isto não é populismo, é ser de esquerda. É a esquerda voltar a ser esquerda — a resolver os problemas das pessoas comuns, de um povo esquecido e dividido”, diz
Para o comentador, a esquerda passou anos a alimentar divisões identitárias — “brancos contra negros, homossexuais contra heterossexuais, hispânicos contra árabes” — afastando-se do eleitorado comum.
Raposo vê paralelos entre as vitórias democratas nos EUA e o que aconteceu recentemente nos Países Baixos, onde os liberais moderados — sociais-liberais, derrotaram a extrema-direita: “competência calma e moderada, focada em resolver os problemas das pessoas, com otimismo em relação ao futuro — é isso que faz a diferença”, conclui.
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