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Cavaco avisa: “Os erros cometidos por um governo não podem ser escondidos”

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Luís Montenegro reuniu os ministros do atual Governo e muitos antigos ministros de Cavaco Silva para homenagear o antigo primeiro-ministro, quando se assinalam, a 6 de novembro, os 40 anos da tomada de posse do primeiro Governo de Cavaco Silva.

Na residência oficial do primeiro-ministro, Montenegro reconheceu que tem em Cavaco uma grande referência política.

“A minha referência e inspiração é Aníbal Cavaco Silva. E, como ele, hoje sentimos a responsabilidade de sermos um farol para dar ao país uma orientação para o rumo que queremos seguir, como fez Cavaco Silva há 40 anos, com o intuito de não deixar nenhum português para trás”, disse Luís Montenegro.

O antigo primeiro-ministro, que entrou na sala com a mulher e com o casal Montenegro, avisou que os erros dos governos têm de ser conhecidos e, apesar dos elogios, Cavaco lembrou que ninguém é perfeito e que os governos também erram.

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“Uma coisa é a teoria, outra é a prática política. Por mais que um governo trabalhe intensamente e se esforce, é impossível evitar falhas e erros. Como costumo dizer, nobody is perfect”, referiu Cavaco Silva, acrescentando: “Em política, os erros cometidos por um governo, mesmo que tal seja humano, não podem ser escondidos. E, às vezes, os erros são mesmo inventados para serem notícia com estrondo”, avisou.

“Um Governo com data marcada para morrer”

Num discurso de cerca de 10 minutos, Cavaco Silva começou por lembrar que, há 40 anos, Manuel Alegre vaticinava vida curta ao Governo do PSD liderado por Cavaco, que esteve durante 10 anos em São Bento.

“O deputado Manuel Alegre, falando no debate sobre o programa do Governo, disse que se tratava de um Governo com data marcada para morrer e que, sendo fraco, fazia fraca a própria democracia. As previsões dos analistas políticos, às vezes, falham, e acabei por exercer as funções de primeiro-ministro durante dez anos”, referiu.

O antigo primeiro-ministro reconheceu a falta de experiência parlamentar quando ganhou as eleições e revelou que o pior momento como primeiro-ministro foi a remodelação governamental de 1990.

“Tive, então, de preparar e concretizar a substituição de cinco ministros, incluindo o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, que tinha acabado de pedir a demissão. Foi, para mim, muito pesada e profunda a solidão que normalmente assalta um primeiro-ministro quando tem de remodelar o Governo. O anúncio da remodelação, no dia 2 de janeiro de 1990, apanhou de surpresa a comunicação social e o país político”, referiu Cavaco Silva.

O melhor momento que Cavaco Silva elege dos 10 anos de Governo foi a revisão constitucional de 1989, que iniciou as privatizações.

“O que me deu maior satisfação pessoal e política durante os meus dez anos de primeiro-ministro ocorreu na noite de 10 de outubro de 1988, nesta residência oficial onde nos encontramos hoje. Numa reunião que se prolongou pela madrugada fora, eu, acompanhado pelo ministro Fernando Nogueira, acordámos com o secretário-geral do Partido Socialista, Vítor Constâncio, e com António Vitorino, os termos da revisão constitucional de 1989”, disse Cavaco Silva.

“Foi essa revisão constitucional que eliminou o princípio de irreversibilidade das nacionalizações realizadas no pós-25 de Abril. Foi essa revisão que criou a Alta Autoridade para a Comunicação Social, com competência em matéria de abertura da televisão à iniciativa privada. Foi essa revisão que reduziu o número de deputados e eliminou a plena gratuitidade do Serviço Nacional de Saúde”, disse o antigo primeiro-ministro.

Luís Montenegro diz que “o Governo é confiável”

No discurso feito na Sala da Lareira, na residência oficial do primeiro-ministro, depois dos elogios a Cavaco Silva, Luís Montenegro traçou as semelhanças com o Governo que lidera, como a estabilidade e a confiança. “Um país que tem um Governo confiável é um país que tem uma sociedade empenhada em objetivos que são nacionais e que muitas vezes excedem a dimensão individual ou mesmo familiar da vida de cada um”, referiu Montenegro.

“É justo reconhecer que há um Portugal antes e um Portugal depois de Aníbal Cavaco Silva”, disse o primeiro-ministro.

Montenegro defendeu ainda que o período de governação de Cavaco Silva deixou “marcas muito impressivas” no país e marcou muitas gerações, incluindo a sua, dizendo que pôde usufruir de “um conjunto de oportunidades” graças às várias transformações no país na década entre 1985 e 1995.

“O presidente Cavaco Silva é, efetivamente, uma personalidade central da história de Portugal, da nossa democracia e da nossa política contemporânea”, defendeu Luís Montenegro.

“Há um Portugal que se lançou e concretizou um programa inigualável de transformações, de infraestruturas, de bases para que a sociedade pudesse ter mais progresso e para que as pessoas pudessem ter mais qualidade de vida. Este ciclo abrangeu desde o sistema de ensino ao sistema de saúde, ao mercado de trabalho, a toda a arquitetura económica do país, ao sistema fiscal, à concretização de objetivos centrais de coesão social e territorial, nomeadamente ao nível das infraestruturas rodoviárias e da modernização das infraestruturas ferroviárias”, enunciou Montenegro.

Nesta sessão, que decorreu na Sala da Lareira, participaram os ministros do atual Governo e vários antigos governantes de Cavaco Silva, como o atual candidato presidencial Luís Marques Mendes, a conselheira de Estado Leonor Beleza e a antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite.

Eduardo Catroga, João de Deus Pinheiro, Teresa Patrício Gouveia, Faria de Oliveira e Mira Amaral foram outros dos convidados da cerimónia.

Atrás do púlpito, foi colocada uma fotografia da tomada de posse de Cavaco Silva, conferida pelo então Presidente da República Ramalho Eanes, onde é também possível ver o seu antecessor na chefia do Governo, o socialista Mário Soares.

Aníbal Cavaco Silva foi primeiro-ministro durante 10 anos, entre 1985 e 1995, tendo conquistado duas maiorias absolutas em eleições legislativas. Entre 2006 e 2016, exerceu funções como Presidente da República.


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