
Jovens recorrem mais à Linha SOS e duplicam casos de ideação suicida e autoagressões

Os pedidos de ajuda através da linha SOS Criança e Jovem estão a aumentar, tendo duplicado os apelos que envolvem situações de ideação suicida ou comportamentos auto lesivos, revelou esta sexta-feira o Instituto de Apoio à Criança (IAC).
“Temos mais jovens a entrar em contacto connosco”, disse à Lusa Maria João Cosme, coordenadora-adjunta do SOS Criança, serviço que tem registado um aumento de pedidos de ajuda relacionados com situações de bem-estar e saúde mental.
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Em janeiro, por exemplo, os serviços receberam um total de 175 contactos, enquanto este mês dispararam para o dobro atingindo, mais especificamente 333, entre telefonemas, e-mails, chat ou mensagens de WhatsApp.
Se os telefonemas e e-mails são mais usados por familiares e outros adultos que querem denunciar situações de risco, o WhatsApp é a escolha preferencial dos jovens, que se sentem mais à vontade a “escrever do que a falar dos seus problemas”, explicou Maria João Cosme do IAC.
Se precisa de ajuda ou tem dúvidas sobre questões de saúde mental, contacte um médico especialista, ou um dos vários serviços e linhas de apoio gratuitas, como o SNS 24 (808 24 24 24), o SOS Voz Amiga (800 209 899/213 544 545), o SOS Criança (116 111), a Linha Jovem (800 208 020) ou o SOS Adolescente (800 202 484).
Situações de ideação suicida e os comportamentos autolesivos são os principais motivos que levam a contactar a Linha SOS Criança, que passaram de 47 pedidos de ajuda no ano passado para 95 casos, só este ano.
A especialista acredita que o isolamento das crianças e o uso abusivo de ecrãs agravou os problemas, mas também admite que o aumento de casos registados possa estar relacionado com o lançamento da Linha SOS no WhatsApp. “No WhatsApp temos mais adolescentes a entrar em contacto connosco e as temáticas versam mais sobre a depressão, a ideação suicida e o isolamento”, explicou.
Segundo Maria João Cosme, a violência e os maus tratos eram os problemas mais abordados até 2020, mas depois da pandemia de Covid-19 a “temática começou a mudar e foi mais para a saúde mental”.
Em 2020, a Linha contabilizou 2.268 contactos. No ano passado foram 2.450 e este ano são já 2.522. “Pode efetivamente haver um aumento de casos, porque a Covid teve um impacto negativo na saúde mental, mas acredito que também tem a ver com a própria dinamização e divulgação dos nossos serviços”, disse.
Entre os comportamentos não suicidários, os mais frequentes são cortes e outras formas de autoagressão, enquanto os suicidários envolvem sobretudo intoxicações medicamentosas voluntárias.
Para o IAC é urgente colocar a saúde mental das crianças e jovens como prioridade nas políticas públicas e no contexto escolar, assegurando recursos que consigam identificar sinais de sofrimento e dar respostas.
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