
Não foi preciso nenhum Salazar
A nova novela da TVI não tem conquistado as audiências esperadas. Fica aquém da expectativa. Há uma crise nos argumentos, nas histórias das novelas? Talvez. O género está a perder adeptos? Se torturarmos os números, eles podem dizer o que queremos. Mas as audiências são como o algodão.
Os canais TV de informação no cabo transmitem em simultâneo o debate entre Rui Costa e Noronha Lopes. São candidatos à Presidência da República? Não. Correm para a presidência de uma associação desportiva. Embora o associativismo, de qualquer natureza, seja uma expressão vigorosa da saúde de uma sociedade, não reflete o país. Aparentemente, o estado febril que turva a lucidez, mesmo que momentânea, apoderou-se dos Media.
O assédio digital a Brigitte Macron já está em julgamento. Oito homens e duas mulheres vão a Tribunal acusados de terem publicado e partilhado mensagens nas redes sociais, construindo uma teoria não comprovada sobre o género e a sexualidade da mulher do presidente francês. As mensagens afirmavam que Brigitte se chamaria verdadeiramente Jean Michel e que não seria a mãe biológica dos filhos. O Le Monde (sábado, 25) fazia capa do tema e explicava o embuste das redes. O Le Figaro informava que os “agressores” defenderam na sala de audiências que se tratou apenas de “humor”. Foi uma “influencer” norte-americana, adepta de Trump, quem iniciou o delírio. Neste nosso tempo, é isto que estará reservado para quem detém cargos públicos e para a sua família?
A remodelação da ala Leste da Casa Branca acaba em demolição para erguer uma salão de baile, de gosto duvidoso, a avaliar pelas imagens publicadas. Trump explica que são as tecnológicas que pagam a intervenção. A Amazon, que também participa na despesa, despediu só num dia 14 mil pessoas. Umas coisas dão para as outras.
Que berraria se levantaria se Marcelo desatasse a fazer obras no palácio pagas por terceiros? Também por isso, o CTO do Governo, Manuel Dias, deveria ter suspendido, pelo menos, as ações que detém na Microsoft. Mandava a prudência que tivesse informado sobre o conflito de interesses.
O Chega votou contra o OE26 com o PC, Bloco de Esquerda e Livre. A IL também fez uma avaliação negativa da proposta do Executivo. O PS viabilizou com “abstenção exigente”, o que quer que isso queira dizer.
O documento inscreve 314 milhões de euros para a Comunicação Social. Para onde vai tanto dinheiro? Boa parte, para a Lusa e RTP. O habitual, de resto. Após a aprovação do orçamento na generalidade – não foi preciso nenhum Salazar! – o primeiro-ministro dirigiu-se ao país. A RTP esteve 20 minutos a anunciar a declaração de Montenegro (20:30), que só aconteceu uma hora depois da votação da Lei da Nacionalidade. O chefe do Governo fez o que, politicamente, deve fazer: negociou à esquerda e à direita. Embora, à direita, tenha permitido o pecado original da inclusão da perda da nacionalidade. Porque é que o primeiro-ministro se dirige ao país quando não há gravidade assinalável para comunicar? Ninguém percebe.
As televisões – SIC, TVI e RTP – propuseram a oito candidatos debates entre eles. De acordo com o calendário, Seguro e Ventura abrem o cortejo. Gouveia e Melo e Marques Mendes encerram. Ficam de fora André Pestana, Joana Amaral Dias e Vitorino Silva (o Tino de Rãs), os outros candidatos. Neste período, os oito não poderão fazer debates noutros canais de televisão. Parece um excesso das televisões em sinal aberto. O acordo já suscitou uma nota da CNE: “as eleições não são um negócio”. “Cartelização”, diz o CMTV.
O Barómetro Intercampus para o CM (quarta, 29) revela um “empate técnico” entre os três maiores partidos (AD: 26,3; PS: 23,9; Chega: 22,9). Dito de outra maneira: após as autárquicas, aparentemente, a notícia da morte do Chega foi visivelmente exagerada. O trabalho de campo desta sondagem foi feito antes da publicação dos cartazes, “Ciganos têm de cumprir a Lei” e “Isto não é o Bangladesh”. Ventura sobe ou desce com a polémica?
“Astérix na Lusitânia” já está nas bancas. Está lá alguma da nossa história, incluindo Viriato, que, se saiba, não comia bacalhau nem cantava fado.
José Bento Duarte, investigador, com origem em Moçâmedes, no Namibe (Angola), apresentou (quarta-feira, 29) no Padrão dos Descobrimentos “A Primeira Travessia da África Austral”. A primeira ligação terrestre, documentada, entre Angola (Cassange) e Moçambique (Tete) foi feita por dois angolanos (sob bandeira portuguesa), Pedro João Baptista e Anastácio Francisco, no início do século XIX (1802/1811), 40 anos antes de Livingstone. Um feito extraordinário, que mereceu o reconhecimento da Monarquia e o silêncio da República. Compete às autoridades do regime saído do 25 de Abril promover a reparação da injustiça histórica cometida pela Câmara de Lisboa em 1954.
Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, mais de metade dos voos na Portela foram cancelados ou sofreram atrasos consideráveis. A Autoridade Nacional da Aviação Civil não tem nada a dizer? 
Sejam um, dois ou três, porque é que quase 60 anos depois ainda se evoca Salazar? Isaltino Morais informa que a água que alaga Algés vem de Sintra. E a que inunda Lisboa vem de onde? Apreciem, por favor, com divina paciência, um excerto do nº 7 do preâmbulo do novo Código do Procedimento Administrativo: “No n.º 2 do artigo 57.º, além de se deixar absolutamente claro o carácter jurídico dos vínculos resultantes da contratação de acordos endoprocedimentais, configura-se uma possível projeção participativa procedimental da contradição de pretensões de particulares nas relações jurídico-administrativas multipolares ou poligonais”. 
Claro como água. Só não entende quem estiver de má vontade.
Source link
 
 
 
 
 




