Sindicato dos Enfermeiros diz que “ninguém acredita” que Montenegro não vá “cortar” no SNS
Os hospitais do SNS vão cortar na despesa em 2026. A notícia foi avançada pelo jornal “Público” esta quarta-feira e Montenegro confirmou ter dado ordem nesse sentido, mas rejeitou chamar-lhe “cortes”. O Sindicato dos Enfermeiros de Portugal (SEP) afirma que “já ninguém acredita”.
“Não há nenhuma orientação de cortar o que quer que seja “, defendeu o primeiro-ministro em declarações aos jornalistas. Montenegro chama-lhe antes uma orientação “mais exigente” que pretende ser “eficiente” e “otimizar recursos”.
Mas os enfermeiros não acreditam na palavra do governante, sublinhando que o anúncio do Governo é “inadmissível” e as “medidas que vão apresentando apenas servem para degradar ainda mais as condições de trabalho”.
Num comunicado enviado às redações, o SEP salienta que “a utilização dos habituais jargões da eficiência”, argumento usado pelo primeiro-ministro, ou de “evitar desperdícios colide com a realidade concreta de aumento dos constrangimentos” vividos pelas administrações das instituições do SNS no último ano.
Por exemplo, “em novembro, nenhum dos Planos de Desenvolvimento Organizacional das Unidades Locais de Saúde foi aprovado“, travando “concursos de acesso a categorias superiores das diferentes carreiras”.
Também há queixas de “falta de material” e a falta de “substituição de equipamentos que deixam de funcionar”, o que condiciona as “as boas e melhores práticas”.
O sindicato sublinha ainda que “os sistemas informáticos continuam a ter problemas de interoperacionalidade e de funcionamento”, problema que não é resolvido pela verba atual.
“Os relatórios importantes sobre a política do medicamento não são disponibilizados desde há dois anos impedindo o acesso a dados sobre os gastos, a tipologia dos gastos, nomeadamente, no que diz respeito a medicamentos inovadores, na área oncológica e, até, relativamente a medicamentos já não sujeitos a patentes”, acrescenta ainda o SEP.
O SEP diz ainda “esperar” que esta redução da verba não se traduza num pagamento em prol da defesa, caracterizando-os como “delírios armamentistas da União Europeia que garantirá mais lucro a uma indústria que só produzirá mais doença”.
