
“Muitas das coisas que fiz não as procurei”, diz Leonor Beleza

A presidente da Fundação Champalimaud e antiga ministra da Saúde, Maria Leonor Beleza, foi distinguida na passada sexta-feira com o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes.
Em declarações à Renascença, disse-se surpreendida e agradecida com a atribuição do prémio.
“O que é para mim especial é a ideia de que o júri do prémio tenha pensado que aquilo que tenho andado a fazer ao longo da vida, nomeadamente quanto à intervenção na causa pública, obedece a princípios e valores que certamente são os meus, nos termos em que o júri achou que podiam ser distinguidos. Para mim, foi uma surpresa enorme. Muitas das coisas que fiz não foram coisas que procurei antes, mas foram acontecendo ao longo da vida, foram oportunidades”, afirmou.
No seu discurso de agradecimento salientou a sua dedicação à causa pública, o seu envolvimento na política e na defesa dos direitos das mulheres.
Para além de ministra da Saúde, Leonor Beleza foi também Secretária de Estado da Segurança Social durante a segunda intervenção do Fundo Monetário Internacional em Portugal. Aproveitou a ocasião para lembrar a importância das instituições ligadas à Igreja, no trabalho de apoio às populações mais desfavorecidas.
“Nessa fase, entre 1983 e 1985, com um Governo de Bloco Central e uma intervenção estrangeira para que os portugueses cumprissem as regras por uma segunda vez, foi um período dificílimo e em que foram essenciais as Instituições Particulares de Solidariedade Social naquilo que elas puderam ajudar, nomeadamente no caso da Península de Setúbal, onde as coisas foram mais difíceis e complicadas. E, se calhar, muita gente não imaginaria que o Dr. Mário Soares chamaria o Bispo de Setúbal, para harmonizar com ele o que deveria ser feito nos sítios mais difíceis do nosso país”, recordou.
Já no discurso de agradecimento, Leonor Beleza recordou o seu percurso na vida política, frisando que foi a primeira mulher “com cargos políticos designados no feminino” e afirmando que os direitos das mulheres fazem parte da sua história de vida.
“Penso como mulher e olho para os outros influenciada por isso. A palavra cuidado era o tema de vida e de dedicação à causa pública de uma pessoa por quem tive uma grande admiração: a Engenheira Maria de Lurdes Pintassilgo. Foi quem me colocou, inicialmente, em tarefas relacionadas com os direitos das mulheres e que também olhava para as questões da igualdade dessa maneira”, declarou.
A cerimónia de atribuição do prémio contou com a presença de vários amigos e figuras públicas, entre elas, Guilherme d’Oliveira Martins, Professor Catedrático, jurista e político que sublinhou “a coragem e o exemplo de entrega” da homenageada.
O prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes é atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. O júri foi presidido por D. Nuno Brás, bispo do Funchal e responsável pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, que lembrou que Maria Leonor Beleza abraçou a causa pública, ao mesmo tempo que assume a sua condição cristã.
“A entrega desta distinção pretende simplesmente homenagear alguém que, sem esconder a sua condição cristã, usou o empenho e o contributo para a vida de todos”, vincou.
A Conferência Episcopal Portuguesa refere que o prémio Árvore da Vida destaca “a excelência de personalidades, percursos e obras que refletem o humanismo e a experiência cristã no mundo contemporâneo”.
Source link


