
“Temos de fazer escolhas”. Falta de material compromete assistência nos centros de saúde
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) avisa que os centros de saúde não podem ficar “vários dias” sem material básico.
O alerta que surge no dia em que é apresentado um estudo da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) que diz que 90% dos centros de saúde reportaram faltas de material como vacinas, kits de rastreio, material para pensos, papel e toner para impressoras.
O retrato diz respeito a 2024, mas, em declarações à Renascença, o vice-presidente da APMGF, António Luz Pereira, confirma que a situação é “recorrente” na generalidade dos centros de saúde e resulta da transição da gestão destes serviços para as Unidades Locais de Saúde.
“São circuitos novos, têm de ser criados materiais novos com os quais as entidades hospitalares que fazem essa gestão não estão habituadas. Mas isto é um alerta para termos cuidados de saúde melhores e mais eficientes”, sublinha Luz Pereira, que também integra a equipa que realizou o estudo da USF-AN.
“Não podemos ficar dias sem material”, porque “muitas vezes temos de improvisar e remarcar alguma atividade… isso aumenta o stress dos profissionais e provoca atrasos na prestação de cuidados”.
António Luz Pereira diz que, nos casos-limite, as equipas vêem-se obrigadas a “fazer escolhas” relativamente aos tratamentos que são prioritários, “porque não temos a quantidade ou a diversidade de material que devia ser o básico”.
“Muitas vezes, há unidades em que o abastecimento de papel não é o suficiente para aquilo que nós esperamos para essa prestação de cuidados; noutras situações, é a questão das luvas, das vacinas… portanto, há sempre algum material que não chega, seja por deficiência na reposição, seja por atrasos nos concursos públicos”, acrescenta.
Perante este cenário, o estudo da USF-AN recomenda a criação de uma estrutura de gestão, com uma unidade exclusivamente dedicada aos cuidados de saúde primários.
“Este estudo tem uma representatividade enorme, mais de 70% dos profissionais das equipas de todas as ULS a nível nacional estão representadas. Por isso, é um problema que não é localizado, está disperso por todo o país”, conclui o vice-presidente da APMGF.
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