
USF-AN alerta para falhas no sistema de vacinação e defende reorganização
A Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) alertou para os riscos que as falhas recorrentes do sistema informático de registo da vacinação representam para utentes e profissionais de saúde, avisando que estas deficiências aumentam o risco de duplicação ou omissão de registos e comprometem a segurança do processo vacinal.
Em comunicado, a USF-AN sublinha que “é urgente rever os modelos de coordenação da vacinação” de forma a garantir processos mais seguros, fiáveis e sustentados. A associação reafirma “a importância da vacinação segura, fiável e clinicamente fundamentada” e destaca a “autonomia técnica, científica e ética dos enfermeiros”, lembrando que estes profissionais são legalmente responsáveis pela administração das vacinas e pela avaliação clínica associada ao ato vacinal.
A organização chama ainda a atenção para “o impacto negativo” decorrente da “ineficiência dos sistemas de informação em saúde”, nomeadamente das falhas do sistema informático de registo da vacinação, que têm causado “constrangimentos operacionais suscetíveis de comprometer a segurança, a fiabilidade e a continuidade do processo vacinal”.
De acordo com a USF-AN, esta situação tem repercussões diretas na qualidade dos cuidados de enfermagem e na gestão em saúde pública, sendo agravada pela “multiplicidade de pontos de vacinação, muitas vezes desarticulados entre si”. A fragmentação dos locais e equipas de vacinação, explica a associação, “dificulta a gestão de recursos e aumenta o risco de duplicação ou omissão de registos”.
Perante este cenário, a associação apela a que as lideranças do setor façam “uma leitura adequada das realidades operacionais” e evitem impor práticas que possam colocar em causa a segurança clínica. Sublinha ainda que “a manutenção de sistemas ineficazes, que apresentam falhas recorrentes e, todos os anos, durante a época de vacinação sazonal, não dão resposta adequada”, é incompatível com um sistema de informação eficiente e fiável.
A USF-AN defende igualmente a autonomia dos enfermeiros no exercício das suas competências, recordando que estes profissionais devem avaliar o estado clínico da pessoa antes da vacinação, podendo realizar avaliações complementares sempre que indicado, e assegurando consentimento informado, privacidade e segurança. A associação reforça que o enfermeiro tem o “direito e dever” de decidir sobre técnicas e meios, utilizando métodos próprios da profissão.
A incerteza e as dificuldades associadas ao processo vacinal, acrescenta a USF-AN, têm contribuído para “a desmotivação das equipas, a desvalorização das competências dos enfermeiros e o afastamento das normas profissionais recomendadas”. A associação relembra que o ato vacinal é um ato clínico de enfermagem que exige “condições de segurança, fiabilidade e validação clínica adequada”, e alerta que a falha dos sistemas informáticos “não deve obrigar à execução de atos clínicos sem garantia de registo seguro e validado”, devendo antes ativar “planos de contingência eficazes e seguros”, que podem incluir o adiamento da vacinação.
Neste contexto, a USF-AN considera “urgente rever os modelos de coordenação da vacinação”, garantindo sistemas de informação eficientes, gestão integrada dos pontos de vacinação e liderança clínica competente. A associação manifesta ainda a sua disponibilidade para colaborar com as autoridades de saúde “na revisão dos processos organizativos e informáticos da vacinação”, em defesa de uma prática de enfermagem “segura, autónoma e cientificamente sustentada”.
lusa/HN
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