
Queixas por alegada negligência médica sobem 26%
Continua a aumentar a insatisfação dos utentes com o setor da Saúde, nomeadamente com a alegada negligência médica. Desde o início do ano, o Portal da Queixa registou quase 300 reclamações — um aumento de 26% face ao mesmo período de 2024.
Entre as principais denúncias contam-se “falhas graves na assistência, erros e atrasos no diagnóstico, urgências sem médicos e doentes abandonados em macas”.
“Entre 1 de janeiro e 14 de outubro de 2025, foram registadas 294 reclamações por suspeita de negligência médica, contra 233 no período homólogo do ano passado. Os relatos concentram-se, sobretudo, em diagnósticos tardios ou incorretos, sintomas ignorados, falhas na avaliação clínica e atrasos críticos em tratamentos”, lê-se no comunicado.
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Nos casos reportados ao Portal da Queixa, destacam-se situações com consequências graves, como o de uma idosa em risco de vida que terá desenvolvido falência de órgãos após reação adversa a um medicamento e que veio a falecer.
Outro caso relatado diz respeito a um idoso que foi encontrado sem higiene, sem medicação e sem acompanhamento, após vários dias sem contacto com a família.
Segundo os dados analisados pelo Portal da Queixa, o Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) é uma das entidades apontada pelos utentes, tendo sido apresentadas dezenas de reclamações, muitas com descrições de risco clínico e atrasos em situações de urgência.
O portal dá como exemplo o caso de uma utente com apendicite aguda que esperou várias horas por cirurgia, evoluindo para peritonite. A mesma queixosa terá denunciado ainda que o marido morreu devido a um problema cardíaco, no mesmo hospital, com pulseira verde atribuída na triagem, alegadamente por falta de assistência devido à falta de médicos na urgência.
Noutra reclamação, uma família denuncia que uma idosa passou quase toda a noite sem ser vista por um médico, alegando inexistência de profissionais no turno noturno e abandono de vários doentes na sala de espera.
Crescimento geral das queixas na Saúde
Segundo o Portal da Queixa, no total, o setor da Saúde registou 4.384 reclamações entre 1 de janeiro e 14 de outubro de 2025 — mais 20% do que as 3.649 registadas no mesmo período do ano anterior. As situações relacionadas com alegada negligência representam 6,71% das queixas, acima dos 6,39% apresentadas pelos utentes em 2024.
A maioria das reclamações é apresentada por mulheres (65,12%) e a faixa etária mais ativa situa-se entre os 35 e os 44 anos (24,34%).
O fundador do Portal da Queixa, citado no comunicado, alerta para a gravidade dos indicadores e assegura que portal “continuará a monitorizar estes indicadores e a dar voz aos consumidores”.
Para Pedro Lourenço, a aumento do número de queixas e a escalada nos relatos de alegada negligência médica “refletem uma quebra crescente na confiança dos cidadãos nos serviços de saúde”.
“A dimensão e gravidade dos testemunhos exigem o reforço dos mecanismos de avaliação clínica, da transparência e da segurança dos utentes”, alerta.
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